
Em causa está uma proposta apresentada pela administração da CVTelecom, que será votada pelos acionistas em reunião extraordinária da assembleia-geral no dia 28 de janeiro, pedindo autorização para a contratação de um empréstimo obrigacionista.
A operação, de acordo com o edital da convocatória consultado hoje pela Lusa, será realizada através da Bolsa de Valores de Cabo Verde, no valor de 300 milhões de escudos (2,7 milhões de euros), "para investimentos a realizar em 2022".
A maioria do capital social do grupo CVTelecom é detida pelo Instituto Nacional de Previdência Social (instituto público que gere as pensões cabo-verdianas), em 57,9%, contando ainda com a estatal Aeroportos e Segurança Aérea (20%), a Sonangol Cabo Verde (5%) e o Estado de Cabo Verde (3,4%) entre os acionistas, como privados nacionais (13,7%).
A Lusa noticiou em setembro que os lucros do grupo CVTelecom aumentaram 10,5% em 2020, para mais de 1,8 milhões de euros, e pelo segundo ano consecutivo as vendas voltaram a crescer, apesar da crise provocada pela covid-19.
De acordo com o relatório e contas de 2020 da empresa, o ano passado voltou a ser de crescimento de vendas, para 4.549 milhões de escudos (41,1 milhões de euros) de receitas consolidadas, com algumas novas áreas, como o teletrabalho, a compensarem as quebras nos serviços tradicionais de telecomunicações.
A operadora, a maior do país e que atua na área das telecomunicações móveis, fixas, de internet e televisão por subscrição, registou um crescimento de 10,5% no resultado líquido naquele exercício, para lucros de mais de 207 milhões de escudos (1,87 milhões de euros), mas sem distribuição de dividendos aos acionistas, face às "reais expectativas de evolução dos negócios da empresa".
O relatório acrescenta que o grupo CVTelecom, "para além de ver a sua dinâmica comercial seriamente afetada pela covid-19", teve ainda que "lidar com as consequências de um incêndio nas suas instalações, o que motivou a paralisação dos negócios durante mais de duas semanas e uma perda de rendimentos equivalente a um terço da sua faturação mensal".
O grupo viu o número de clientes da rede móvel de comunicações cair 3,3% em 2020, para 372.231, e o de utilizadores de Internet móvel diminuir 1,5%, para 237.158. O número de clientes da rede de Internet fixa aumentou 22,4%, para 20.104, enquanto os clientes da rede fixa de comunicações de voz aumentaram 0,1%, para 57.493.
O volume de investimento realizado pela CVTelecom, que contava com 414 trabalhadores em dezembro de 2020 (-19), decresceu 24% em 2020, face ao ano anterior, para 1.027 milhões de escudos (9,2 milhões de euros), "representando 41,3% das receitas de exploração".
"Este decréscimo justifica-se pela redução do nível de investimentos alocados ao Cabo EllaLink [ligação submarina de fibra ótica com a Europa e o Brasil]. Apesar da redução do investimento total na rede fixa, os níveis de investimento mantêm-se bastante elevados face à média dos últimos anos devido à participação no projeto EllaLink", aponta-se no documento.
O relatório e contas acrescenta que em 2020 foram alocados ao "ecossistema do novo cabo submarino" cerca de 762 milhões de escudos (6,8 milhões de euros), aos quais se somam os 1.300 milhões de escudos (11,7 milhões de euros) investidos nos dois anos anteriores.
"Em 2020, o grupo CVTelecom continuou a investir fortemente no desenvolvimento e modernização da rede, designadamente através do novo projeto de conectividade internacional do país, através do Cabo Ellalink, bem como através de investimentos feitos na rede móvel, em que a otimização e upgrades efetuados permitiram que a generalidade dos parâmetros de performance", afirma a empresa.
O grupo CVTelecom conta com participações avaliadas em 817 milhões de escudos (7,4 milhões de euros) em várias empresas, nomeadamente na CV Móvel (rede de telecomunicações móveis, 100%), CV Multimédia (televisão por subscrição e internet, 100%) e a Directel Cabo Verde (Páginas Amarelas, 40%).
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