
"Cabo Verde perdeu alguns anos com a pandemia da covid-19, pelo que é hoje ainda mais urgente acelerar e elevar os níveis de exigência nos tocantes à produtividade. Neste enquadramento, a aposta no capital humano é um pilar-chave", disse Olavo Correia, que é também ministro das Finanças.
O governante recebeu na quarta-feira representantes da delegação de Cabo Verde do Banco Mundial, precisamente para abordar o projeto "Capital Humano", financiado por aquela instituição internacional em 26 milhões de dólares (22,9 milhões de euros).
"Um projeto que visa fortalecer os sistemas de apoio para garantir o acesso aos serviços básicos e melhorar os níveis de empregabilidade entre os jovens e as mulheres cabo-verdianos. O encontro de ontem [quarta-feira] serviu, essencialmente, para alinharmos os objetivos do projeto às prioridades do país, face ao contexto imposto pela pandemia", disse hoje Olavo Correia.
"Sendo o desenvolvimento feito pelas pessoas e para as pessoas, o Capital Humano deve ser o protagonista principal em todo o momento do desenvolvimento do nosso país. O Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável bem como a Agenda 2030 priorizam os investimentos em capital humano, com ênfase no empoderamento das jovens e das mulheres", acrescentou.
Para Olavo Correia, este financiamento do Banco Mundial "surge num momento crucial para Cabo Verde" e vai "priorizar um conjunto de projetos ligados ao setor da Educação, da Formação Profissional, a Inclusão Social e a Habitação".
"Visam fortalecer os sistemas de apoio para garantir o acesso aos serviços básicos e melhorar os níveis de empregabilidade entre os jovens e as mulheres cabo-verdianos. O reforço da parceria com Banco Mundial é de suma importância para a agenda de desenvolvimento de Cabo Verde", acrescentou.
O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, anunciou na quarta-feira à noite uma revisão do Código Laboral, para melhorar a produtividade, e o lançamento de linhas de crédito de mais de 80 milhões de euros de apoio à retoma económica.
"Medidas de apoio às empresas e ao investimento vão ser reforçadas. Nove milhões de contos [9.000 milhões de escudos, 81,4 milhões de euros] de linhas de crédito para retoma económica vão ser lançados já no próximo ano. A criação do fundo de impacto para micro, pequenas e médias empresas também será uma realidade", anunciou o primeiro-ministro, na abertura da 24.ª edição da Feira Internacional de Cabo Verde (FIC), na Praia.
Perante centenas de empresários, nacionais e estrangeiros, na primeira feira do género que se realiza no arquipélago desde o início da pandemia de covid-19 -- com 230 stands de exposição -, Ulisses Correia anunciou que, entre outras, vai avançar com a reforma da Segurança Social e com a "revisão do Código Laboral".
"Vamos ter de mexer no Código Laboral, sim, para flexibilizar, mas para introduzir maiores níveis e melhores níveis de produtividade no trabalho", afirmou, no mesmo discurso, que antecedeu a abertura da feira, com 125 empresas inscritas (quase trinta portuguesas) e que vai decorrer até sábado.
"O país está a viver momentos difíceis, mas é transitório. A economia mundial irá recuperar e a economia cabo-verdiana também", insistiu Ulisses Correia e Silva.
Depois de sublinhar o controlo da pandemia no arquipélago, com menos de uma dezena de novos casos diários e cerca de meia centena de casos ativos, bem como o sucesso da campanha de vacinação, com mais de 80% da população adulta com pelo menos uma dose e mais de metade com o esquema de vacinas completo, sublinhou a importância dada desde 2020 às políticas sanitárias e económicas.
"Estamos hoje aqui também porque medidas de proteção às empresas e ao emprego foram tomadas e têm produzido efeitos", apontou o primeiro-ministro.
Recordou que foram investidos 36 mil milhões de escudos (325 milhões de euros) "na proteção das empresas e do emprego", através de operações de crédito, de apoio à tesouraria, às micro, pequenas, médias e grandes empresas, através de garantias bancárias, subsídios para o lay-off simplificado e moratórias concedidas, e 11 mil milhões de escudos (99 milhões de euros) "na proteção social e na proteção ao rendimento".
"Estas medidas permitiram evitar o colapso do sistema de saúde, o colapso económico e o colapso social, numa situação e numa conjuntura onde o país sofreu a maior contração económica de sempre. Cabo verde é dos países mais impactados pela economia: 14,8% de contração económica em 2020. Mas estamos vivos, de pé e mais resilientes", disse.
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