Numa altura de escalada de preços dos alimentos em Cabo Verde, devido à conjuntura internacional desencadeada pela guerra na Ucrânia, o ministro Gilberto Silva insistiu, em declarações aos jornalistas, que "não há necessidade" de a população "armazenar" arroz em casa.

"Temos arroz para oito meses e novas importações irão ser feitas. Por conseguinte, não há necessidade de armazenamento de arroz, não constitui nenhuma vantagem para nenhuma família, além de se configurar no açambarcamento que também está proibido pela lei cabo-verdiana", afirmou o ministro da Agricultura, após o desembarque da doação japonesa no porto da Praia.

"Esta doação chegou em boa hora", acrescentou Gilberto Silva, sublinhando, contudo, que a entrega desta ajuda alimentar estava "devidamente programada" e que a quantidade será distribuída aos operadores privados em regime de concurso, cuja receita reverterá para um fundo de contrapartida para financiamento de projetos de desenvolvimento socioeconómico em Cabo Verde.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros anunciou em comunicado, esta semana, que esta entrega é referente ao acordo de ajuda alimentar assinado com o Governo do Japão em 19 de agosto de 2020, no valor de 250 milhões de ienes (1,9 milhão de euros).

Este carregamento de 1.050 toneladas de arroz soma-se à entrega de 2.564 toneladas no porto do Mindelo, em São Vicente, em dezembro de 2021.

"O apoio japonês vem ajudando as autoridades cabo-verdianas na resposta aos desafios ligados à Segurança Alimentar e Nutricional a nível nacional, contribuindo para o aumento da disponibilidade de cereais e estabilidade de preços no mercado nacional", esclareceu a nota.

Acrescenta que "com o valor da venda dos cereais em todo o território nacional, cria-se um fundo de contrapartida para financiar projetos de desenvolvimento socioeconómico nas áreas da agricultura, segurança alimentar, disponibilidade de água, e setor da saúde", com "impacto positivo na melhoria das condições de vida da população".

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