
Segundo o estatal Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação em julho, acima dos 0,53% de junho último e a maior para o mês em 19 anos, foi impulsionada pelo aumento dos preços da energia elétrica, que subiu 7,88% no meio de uma grave crise hídrica e de energia que afeta o país sul-americano.
A aceleração do indicador em julho foi ainda influenciada pelo aumento dos valores das passagens aéreas (+35,22%) e dos combustíveis, com destaque para a gasolina (+1,55%).
O resultado de julho representa uma rápida escalada em relação ao mesmo mês de 2020, quando ficou em 0,36%. No acumulado do ano, a inflação já atinge um avanço de 4,76%.
Da mesma forma, atingiu ainda o maior resultado interanual (8,99 %) do ano e está cada vez mais longe da meta de inflação fixada pelo Governo para 2021, que é de 3,75%, com uma margem de tolerância de 1,5 pontos percentuais em ambos os sentidos, pelo que o teto máximo estabelecido seria de 5,25%.
Se essa tendência de subida - iniciada em meados do ano passado, mas que vem acelerando desde março - se mantiver, a inflação no Brasil encerrará 2021 acima dos 4,52% de 2020, até então o maior registo desde 2016.
Num momento de fortes pressões inflacionárias no país, o Banco Central elevou na semana passada a taxa básica de juros para 5,25% ao ano, naquela que foi a quarta subida consecutiva das taxas.
Nesse sentido, o Banco Central do Brasil atribuiu hoje essa subida nas taxas de juro ao "alto" risco fiscal do país e o seu impacto no forte crescimento da inflação nos últimos meses.
De acordo com a ata da reunião do Comité de Política Monetária (Copom), o risco fiscal do Brasil - e a consequente possibilidade de desequilíbrio nas contas públicas - foi preponderante para a decisão.
"O risco fiscal elevado continua a criar uma assimetria ascendente no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária", assinalou a entidade.
O Brasil encerrou 2020 com uma contração económica de 4,1%, o pior resultado anual desde 1996. Para este ano, as projeções de mercado apontam para um Produto Interno Bruto (PIB) de 5,30%, com uma elevada inflação de 6,88%.
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