
De acordo com uma nota do Comité de Política Monetária (CPM) do Banco de Cabo Verde, a que a Lusa teve hoje acesso, sobre as reuniões de ordinárias de 29 de outubro e da próxima já agendada para 24 de novembro, os indicadores de solidez do sistema bancário "mantiveram-se, até ao primeiro semestre, relativamente estáveis".
O CPM decidiu propor à administração do BCV a "manutenção da atual orientação da política monetária" com taxas de juro em mínimos históricos e do programa de financiamento do sistema bancário através das Operações Monetárias de Financiamento de longo prazo (OMF), tendo destacado o comportamento do sistema bancário, apesar da crise provocada pela pandemia.
Aponta, em concreto, que o rácio de solvabilidade dos bancos aumentou no mês de junho de 17,7 para 18,4%, e o crédito em incumprimento fixou-se nos 11,0% do crédito total, "o que compara aos registos de 12,3 e 10,4% de junho e dezembro de 2019, respetivamente", nota o BCV, sublinhando ainda que o rácio do ativo líquido sobre o passivo de curto prazo fixou-se no mesmo período em 53%, "cerca de 30 pontos percentuais acima do limite regulamentar".
Operam em Cabo Verde sete bancos comerciais com licença genérica, para trabalharem com clientes residentes no arquipélago, e quatro com licença restrita, considerados 'offshore' e que apenas têm clientes não residentes.
Segundo a nota do CPM, através da Operação Monetária de Financiamento, iniciada em abril, o banco central cedeu fundos a bancos comerciais no montante de 4.106 milhões de escudos (37,3 milhões de euros) até 30 de setembro, reforço que se enquadra nas medidas mitigadoras da crise económica, enquanto as moratórias de pagamento do crédito, beneficiaram, até finais de agosto, 2.373 empresas, particulares e câmaras municipais.
O CPM avança mesmo que será levada à próxima reunião ordinária a "possibilidade do alargamento do leque de colaterais a títulos garantidos pelo Estado", no âmbito da Operação Monetária de Financiamento.
"Numa avaliação prospetiva", o CPM admite uma "contração maior da atividade económica em 2020" em Cabo Verde, que poderá, num "cenário adverso", atingir uma recessão equivalente a 10,9% do Produto Interno Bruto (PIB), contra a previsão do Governo, que aponta para um recuo de cerca de 8,5%.
"Para 2021, prevê que a economia nacional poderá crescer, em volume, pelo menos 3%, mantendo-se aquém, em termos de valor e dinâmica, dos níveis de 2019", conclui-se na nota do CPM.
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