"Estima-se que o valor do PIB antes da pandemia seja alcançado na segunda metade de 2022", lê-se num recente relatório sobre Política Monetária do BCV, que também reconhece que "com o escalar da guerra entre a Rússia e a Ucrânia", as perspetivas económicas para este ano "estão fortemente influenciadas pela elevada incerteza e o exacerbar dos riscos e tensões geopolíticas e financeiras".

O BCV prevê um crescimento do PIB de Cabo Verde no intervalo de 3,5 a 4,5% em 2022, uma revisão em baixa face às consequências económicas do conflito na Ucrânia tendo em conta os anteriores 5,6%, admitidos pela instituição em outubro passado.

Em 2021, a economia de Cabo Verde cresceu 7% e em 2020, devido aos primeiros efeitos da pandemia e do confinamento em todo o mundo, registou uma recessão económica de 14,8% do PIB, tendo crescido 5,7% em 2019.

"Estas projeções, face às divulgadas em outubro [de 2021], incluem uma revisão em baixa do crescimento do PIB para 2022, o que reflete o impacto da perda de poder de compra induzida pela subida da inflação e das hipóteses menos favoráveis do contexto externo mundial e, particularmente, das economias dos principais parceiros económicos do país. A inflação, por seu turno, foi revista em alta, traduzindo os valores elevados recentes e a revisão em alta das hipóteses para o preço do petróleo e de outras matérias-primas", alerta o BCV, que admite uma subida média dos preços no país de mais de 7% este ano, quando em 2021 foi inferior a 2%.

O banco central acrescenta que com a retoma do turismo após a pandemia, iniciada no último trimestre de 2021 "e que se espera que se mantenha ao longo do ano" de 2022, é de esperar "um aumento nas exportações de serviços, sobretudo de turismo", apesar dos "efeitos negativos limitados do conflito na Ucrânia", "que levará à uma melhoria da procura externa líquida".

"Contudo, esta melhoria não será suficiente para contribuir positivamente para o crescimento económico. As exportações crescerão a um ritmo inferior às importações. Realça-se que, as exportações de serviços de turismo em 2022 ficarão ainda muito aquém dos níveis observados em 2019, antecipando-se que atinja o nível pré-pandemia só a partir de 2024", conclui o Banco de Cabo Verde.

O arquipélago registou em 2019 um recorde de 819 mil turistas, procura que caiu cerca de 70% no ano seguinte, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19.

O PIB -- toda a riqueza produzida no país -- cabo-verdiano recuou para cerca de 164.911 milhões de escudos (1.493 milhões de euros) em 2020 e recuperou no ano seguinte, subindo para 176.960 milhões de escudos (1.602 milhões de euros), segundo dados provisórios.

Para este ano, o Governo prevê um PIB de cerca de 188.945 milhões de escudos (1.710 milhões de euros).

"As atuais projeções, face às divulgadas em outubro, refletem uma revisão em baixa do crescimento do PIB para 2022, como consequência da perda de poder de compra induzida pela subida da inflação e da revisão, em baixa, do crescimento das economias dos principais parceiros económicos do país", alerta o BCV.

Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística -- setor que garante 25% do PIB do arquipélago -- desde março de 2020.

Entretanto, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, o Governo cabo-verdiano reviu de 6% para 4% a perspetiva de crescimento económico em 2022.

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