
De acordo com o relatório sobre indicadores económicos e financeiros do BCV, de fevereiro, e consultado hoje pela agência Lusa, os "dados disponíveis mostram uma contínua deterioração das contas externas" de Cabo Verde, devido às consequências económicas da pandemia de covid-19.
O documento acrescenta que a redução do 'stock' das RIL de Cabo Verde passou a garantir oito meses de importações de bens e serviços estimados para o ano de 2020, "com o contínuo agravamento da balança corrente", enquanto as disponibilidades de reservas oficiais no segundo trimestre garantiam 8,3 meses das necessidades de importações.
Cabo Verde fechou novembro com 66.704 milhões de escudos (602 milhões de euros) em RIL - em divisas, necessárias para garantir as importações -, o valor mais baixo em pelo menos 12 meses.
O relatório do BCV acrescenta que a balança corrente de Cabo Verde registou um défice de 8.631 milhões de escudos (77,8 milhões de euros) no terceiro trimestre de 2020, o que compara com os défices de 8.437 milhões de escudos (76 milhões de euros) no segundo trimestre e de 2.053 milhões de escudos (18,5 milhões de euros) no terceiro trimestre de 2019.
A "redução das exportações de viagens, de transportes, de víveres e combustíveis" nos portos e aeroportos internacionais, na ordem, respetivamente, de 92%, 85% e 77%, "explica a contínua deterioração do défice corrente, pese embora o estabelecimento, a partir de 01 de agosto, de um corredor aéreo com Portugal". De 19 de março até 01 de agosto, o arquipélago encerrou as ligações aéreas comerciais com o exterior, para conter a transmissão da covid-19.
Segundo o BCV, o défice da balança financeira fixou-se nos 6.658 milhões de escudos (60 milhões de euros) no terceiro trimestre de 2020, valor inferior em 616 milhões de escudos (5,5 milhões de euros) ao registado no período homólogo de 2019.
A queda nos "influxos líquidos de financiamento", aponta o relatório, ficou a dever-se à redução do investimento direto estrangeiro, na ordem de 44%, e ao aumento dos ativos externos líquidos dos bancos comerciais, em cerca de 14 milhões de euros, enquanto os desembolsos de dívida pública externa cresceram 15 milhões de euros, face ao mesmo período de 2019, impulsionados pelos apoios concedidos pelo Banco Mundial e pelo Banco Africano de Desenvolvimento, para a "mitigação dos efeitos da pandemia" de covid-19 no arquipélago.
PVJ // LFS
Lusa/Fim