O desafio foi lançado à agência Lusa por Ana Maia, administradora para unidade de Desenvolvimento Comercial e Marketing da Cabo Verde TradeInvest, no dia em que a instituição realizou mais uma formação, a primeira por videoconferência, sobre a promoção de exportações através do AGOA e a diversificação económica de Cabo Verde.

Com a pandemia do novo coronavírus, a Administradora referiu que muitas empresas cabo-verdianas conseguiram sobreviver porque exportaram o seu excedente de produção para o mercado interno.

Mas sublinhou que muitas ainda estão com dificuldades e disse que a procura de oportunidades de exportação deve ser o caminho.

"As empresas têm que ser mais proativas nesse sentido e correr risco", desafiou Ana Maia, garantindo que a Cabo Verde TradeInvest vai estar sempre presente para "orientar no que for necessário".

"Estamos engajados e queremos apoiar, facilitar, orientar os empresários que queiram exportar para os Estados Unidos e beneficiar deste acordo de AGOA", garantiu Ana Maia, sublinhando que já existem empresas cabo-verdianas que exportam para os EUA, mas não no âmbito desse programa.

"Os benefícios do AGOA são muitos e passando por valores é considerável. Se calhar seria ideal se conseguíssemos usar esta ferramenta", afirmou a responsável administrativa, para quem a informação deve chegar à classe empresarial do país.

Entretanto, disse que existem constrangimentos relatados pelas empresas, sobretudo no que diz respeito à língua dos documentos (inglês), mas também a exigência do mercado dos Estados Unidos, enquanto Cabo Verde ainda tem muitas empresas informais.

"Isso é mais uma dificuldade, mas acredito que vamos conseguir superar pouco a pouco essas dificuldades", perspetivou a responsável administrativa, mostrando-se otimista com mais condições hoje, sobretudo no que diz respeito às ligações marítimas diretas entre os dois países.

"Acho que temos a condições reunidas para avançarmos com os benefícios do AGOA sim", sentenciou Ana Maia.

Em fevereiro de 2018, durante um workshop na cidade da Praia, o ministro da Indústria, Comércio e Energia, Alexandre Monteiro, a então presidente da Cabo Verde TardeInvest, Ana Barber, e o embaixador dos EUA, Donald Heflin, sublinharam que Cabo Verde desperdiça oportunidades de exportação para os EUA no âmbito do programa AGOA, que há 20 anos prevê isenção aduaneira a mais de seis mil produtos de países africanos. 

O AGOA (African Growth and Opportunity Act) prevê que 40 países africanos exportem para o mercado norte-americano, sem custos aduaneiros, mais de 6.000 produtos, além apoiar os países africanos nos seus esforços de construção de mercados livres e de abertura das suas economias ao comércio internacional.

O programa, de incentivo ao crescimento económico em África e a sua integração na economia mundial, foi alargado em 2015 pelo Governo norte-americano por 10 anos e Cabo Verde é um dos países beneficiários.

A formação foi organizada em parceria com a Câmara de Comércio,  Indústria e Serviços de Sotavento (CCISS) e Câmara de Comércio de Barlavento (CCB), com o apoio da Embaixada dos Estados Unidos em Cabo Verde e contou com 120 inscrito, número considerado "muito bom", pela administradora.

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