A responsabilidade social corporativa (RSC) tem vindo a percorrer um longo caminho nos últimos anos. Se, inicialmente, era orientada apenas para a experiência do colaborador, de forma a reter talento e construir a identidade corporativa, hoje assume um papel ainda mais relevante, estando intrinsecamente ligada a um impacto positivo na comunidade e à criação de valor, ao promover mudanças e inovação a longo prazo. Mais do que um conjunto de obrigações legais, é uma estratégia necessária para assegurar a sustentabilidade e o sucesso das empresas. Mas porque é que é tão importante e como podem os líderes implementar as suas práticas de forma genuína?

Para compreender a importância da RSC, é essencial ter em mente que todas as empresas, independentemente do seu setor de atividade, são constituídas por pessoas e operam em prol das pessoas. Embora o seu objetivo central seja o sucesso e o lucro, o seu funcionamento depende inevitavelmente de indivíduos e a humanização torna-se um elemento-chave.

É neste contexto que a criação de valor para as pessoas e para o mundo se deve tornar o eixo principal da atividade empresarial, algo que abrange, naturalmente, múltiplas dimensões, que vão do impacto social ao ambiental. Conhecer e envolver a comunidade local, por exemplo, é um passo muito importante neste sentido. Parcerias com organizações e projetos de impacto são excelentes formas de o fazer, como é o caso de associações como a Porta Solidária, que ajuda famílias ao fornecer comida e bens essenciais, ou do projeto Restaurante InKlusivo, que ajuda no desenvolvimento pessoal, profissional e social de jovens com necessidades educativas especiais (NEE).

Ao mesmo tempo, garantir oportunidades de emprego e uma remuneração justa, investir na diversidade dentro da organização e promover o crescimento pessoal e profissional dos colaboradores são também passos fulcrais que promovem o bem-estar das pessoas e, consequentemente, um impacto socialmente positivo. Adicionalmente, implementar práticas empresariais sustentáveis, tais como investir em energia renovável e reduzir emissões ou o desperdício ambiental, não só beneficiam o meio ambiente como também garantem um futuro mais justo e equilibrado para todos.

Ao longo do tempo, os desafios e mudanças sentidas a nível político, social e económico têm vindo também a impulsionar algumas tendências que as empresas devem conseguir acompanhar. Uma das principais está relacionada com a capacidade de reduzir a pegada ambiental, tal como mencionado. Alguns exemplos de iniciativas positivas que tenho da minha experiência são, por exemplo, a eletrificação da frota da empresa, o investimento em energia renovável e a redução das emissões de GEE provenientes dos alimentos e do desperdício alimentar. Ainda nesta linha, é fundamental que as empresas compreendam que, mais do que simplesmente comunicar as suas intenções, devem demonstrar resultados concretos. Hoje, afirmar que nos preocupamos já não é suficiente – é crucial apresentar evidências do impacto gerado. Daí advém a importância dos relatórios de sustentabilidade, que nos permitem documentar e validar as nossas ações, sendo também uma ferramenta valiosa para stakeholders, como parceiros e clientes. Ao apresentar evidências das ações realizadas e do impacto gerado, as organizações promovem um mundo melhor e incentivam estes comportamentos. Finalmente, e tendo em conta o panorama atual, é fulcral garantir que todas as decisões são tomadas de forma informada e consciente.

Estas tendências servem-nos de lembretes da importância de uma RSC que se deve manifestar como parte integrante da vida corporativa, e não apenas uma ação pontual. Na verdade, o objetivo deve ser sempre criar valor a longo prazo, através da colaboração, da continuidade e da escuta ativa, conhecendo quem integra a comunidade, quem necessita de apoio e quem pode ajudar a maximizar o impacto gerado.

Vivemos tempos em que a pressão por resultados económicos é constante, mas isso não deve impedir as empresas de olhar para o lado, investir nas relações e na colaboração. Por este motivo, para mim, a responsabilidade social corporativa passa por perceber como podemos efetivamente contribuir, identificando a nossa área de atuação e avaliando o impacto que podemos gerar. Quando esta for a prioridade de todas as organizações, o mundo será, sem dúvida, um lugar melhor e mais humano.

Isabel Geriante,
IT Branding e Community Specialist na ISS