
Jonas Vingegaard recusou-se a dar a 112.ª Volta a França em bicicleta como perdida, após uma jornada "brutal" rumo ao Col de la Loze, onde Tadej Pogacar não venceu mas conseguiu cumprir outro objetivo.
"Hoje, foi uma jornada brutal. Cinco horas na bicicleta. Não tenho a certeza de alguma vez ter feito uma etapa tão dura no Tour. Senti-me bem, a equipa sentiu-se bem. Tínhamos grandes planos -- como puderam ver -- de tentar atacar de longe, o que fizemos. Infelizmente, não consegui ganhar tempo ao Tadej", resumiu o dinamarquês da Visma-Lease a Bike.
O campeão das edições de 2022 e 2023 da 'Grande Boucle' e a sua equipa tentaram apanhar o esloveno da UAE Emirates em falso e até conseguiram deixá-lo sem colegas no Col de la Madeleine, onde Vingegaard atacou a mais de 70 quilómetros da meta.
"A equipa esteve incrível hoje e quero agradecer novamente aos meus colegas. Dá-me tanta motivação quando tenho uma equipa assim a trabalhar para mim", destacou.
No entanto, o campeão em título do Tour não fraquejou, seguindo o dinamarquês, com os dois a acabarem por ser alcançados por ciclistas que tinham ficado atrasados no vale anterior à subida ao Col de la Loze, numa altura em que se sucediam os ataques no seu grupo.
"Não queríamos trabalhar juntos e, depois, o [Florian] Lipowitz [terceiro da geral] atacou e esperámos pelos nossos colegas [da Visma e da UAE Emirates]", justificou sobre o 'cessar fogo' que existiu na subida até ao 'teto' desta edição, a 2.304 metros de altitude.
Apesar da tática atacante da formação neerlandesa, Vingegaard acabou por perder mais 11 segundos para o camisola amarela, de quem dista agora 04.26 minutos.
"Parecemos bastante iguais hoje, ele ganhou uns segundos no final, mas o Tour ainda não acabou", assegurou.
Na sexta-feira, o segundo da geral terá nova oportunidade para testar o campeão mundial de fundo nos 129,9 quilómetros entre Albertville e La Plange, uma nova jornada alpina que Pogacar descreveu como "uma segunda etapa 'rainha'".
Da primeira, o esloveno saiu reforçado, embora tenha reconhecido no final que "queria ganhar a etapa, mas obviamente a prioridade era a camisola amarela".
"Quando a Visma acelerou no Col de la Madeleine, pensei que também podia lutar pela etapa, mas eles talvez tenham endurecido demasiado o ritmo... também na descida, foram tão rápido e o grupo ficou tão pequeno. Começaram-se todos a atacar e não houve colaboração no vale", descreveu.
Pogacar esperou que os seus companheiros regressassem -- "mas demoraram muito" -, e pensou que, com o ritmo imposto pela Visma-Lease a Bike na primeira metade do Col de la Loze, a fuga iria ser anulada.
"Mas o Ben [O'Connor] também esteve incrivelmente forte. [...] A etapa escapou, mas estou feliz por ter tido boas pernas e estar de amarelo", disse o líder da UAE Emirates, que foi segundo na 18.ª etapa a 01.45 minutos do australiano da Jayco AlUla.
De acordo com o três vezes campeão do Tour (2020, 2021 e 2024) e vencedor do Giro2024, os ataques da formação do seu arquirrival "não serviram para nada", ao contrário da sua prestação no Col de la Loze, onde há dois anos viveu o pior dia da sua carreira, eternizado na frase "I'm gone, I'm dead" ("Já fui, estou morto", numa tradução em português).
"Graças a Deus", disparou aos microfones da Eurosport, referindo-se à perspetiva de deixar de ouvir a frase, usada como 'separador', durante as emissões do canal desportivo.