João Almeida parte para a segunda participação no Tour, no sábado, sem objetivo de classificação geral, porque terá como «tarefa principal ajudar Tadej Pogacar» a vencer a prova, mas sempre vai dizendo que «o pódio é um bom resultado». Dito assim, o melhor corredor português da atualidade faz depender um lugar entre os três primeiros em Paris da exigência a que for submetido no trabalho em apoio ao esloveno, líder da sua equipa.

Se Pogacar, o mais forte candidato ao triunfo, não solicitar esforço demasiado ao seu principal tenente de montanha, um pouco à imagem da edição de 2024 em que dominou rapidamente a concorrência, então Almeida admite ser-lhe possível ascender da quarta posição do ano passado. A fazê-lo, no mínimo, o corredor de 26 anos igualaria a melhor classificação de sempre de um corredor português na Volta a França, o terceiro lugar por Joaquim Agostinho em 1978 e 1979, feito inédito.

Um ano depois, João Almeida chega ao seu segundo Tour mais maduro, experiente e vitorioso. Melhor corredor, sem dúvida. Comprovam-no os resultados esta temporada, a sexta do português no WorldTour, com pontos áureos nos três triunfos consecutivos em competições de grande prestígio: Volta ao País Basco, à Romandia e à Suíça. Corridas por etapas, em que já é um dos melhores do mundo.

De qualquer modo, mesmo que João Almeida seja poupado a trabalhos redobrados no auxílio a Tadej Pogacar e, não menos importante, tenha as suas melhores pernas, não se depara simples subir ao pódio em Paris. Desde logo, porque os ocupantes do púlpito em 2024 voltam a alinhar à partida com os idênticos objetivos, Tadej Pogacar, Jonas Vingegaard e Remco Evenepoel.

Este último, terceiro classificado na edição transata, igualmente estreante na prova como Almeida, volta a apresentar-se como o principal opositor do ciclista de A-dos-Francos, por ser o ser menos difícil de bater. O belga já admitiu que Pogacar e Vingegaard estão num patamar superior na montanha e restringe a ambição no seu segundo Tour à vitória no contrarrelógio, a quinta etapa, e a eventual conquista da camisola amarela nesse dia, se tiver «sobrevivido» aos primeiros. «E ao que puder alcançar depois», acrescentou em antevisão. 

Outro adversário importante de João Almeida será Primoz Roglic, um dos melhores voltistas dos últimos anos, vencedor de quatro Vueltas e de um Giro, mas ainda à procura da consagração no Tour, de que nunca esteve mais tão perto como em 2020, quando o jovem Pogacar surpreendentemente desapossou-o da liderança numa crono-escalada na penúltima etapa. O esloveno, à imagem de Evenepoel, também assume pretensões contidas à vitória e projeta ambições ao pódio, e apesar de ser o corredor habitualmente azarado, propenso a quedas graves que forçaram à desistência (a mais recente no último Giro, mas igualmente na edição transata do Tour), tem experiência e talento enormes que podem desequilibrar a seu favor. 

Perante esta antevisão de Tour para João Almeida, tem mesmo de se esperar para ver como a corrida se vai desenrolando para o português e adequar as expectativas sobre o seu resultado na classificação no próximo dia 27, quando a última das 21 etapas terminar, como é tradicional, na Avenida dos Campos Elíseos, onde regressa após uma deslocação excecional para Nice em 2024, devido à realização dos Jogos Olímpicos na capital francesa. 

Nelson Oliveira: fiável e leal na Movistar

Nelson Oliveira é o outro português no Tour 2025, a nona participação e a terceira consecutiva do corredor de 36 anos, que iniciará a 22.ª grande Volta do seu palmarés. Confiança da sua equipa, a espanhol Movistar, que se repete, baseada na experiência, capacidade de liderança e talento em dez temporadas de bons e leais serviços e que o elevam ao posto de capitão de estrada.

Nelson Oliveira volta a ter a função primordial de apoio nas etapas menos montanhosas ao chefe de fila, o maiorquino Enric Mas, que à imagem dos antecessores na formação da telefónica, Alejandro Valverde e Nairo Quintana, considera-o elemento indispensável em grandes Voltas.