Sempre atento à atualidade do futebol português, Paulo Lopo comentou as recentes polémicas a envolverem Sporting e Benfica após a final da Taça de Portugal, motivadas pelo pisão de Matheus Reis na cabeça de Belotti, que revoltou os encarnados. Na apresentação do seu livro 'Reformar para Vencer', o presidente do E. Amadora considera que, apesar da troca de farpas entre os rivais da 2.ª Circular, a relação entre Frederico Varandas e Rui Costa nunca foi tão boa como neste momento.

"É o que sai cá para fora... Se calhar já há muitos anos que não existia uma relação tão próxima entre os presidentes, tão harmoniosa. Muitas vezes o que se fala para fora não é o que se passa la dentro, porque para fora fala-se para os adeptos e lá dentro fala-se só entre presidentes. Penso que o futebol tem muita emoção, a emoção às vezes faz-nos perder um bocadinho a razão, mas acontece no Benfica, no Sporting, no FC Porto, em todos", começou por dizer, destacando a "lisura" dos dirigentes.

"Hoje existe uma classe de dirigentes no nosso país bastante diferente da que existia há 10 ou 15 anos, com muito mais lisura e que estão sempre disponíveis para se juntar. O Rui e o Frederico têm uma relação de alguma proximidade dentro do que é possível entre adversários e creio que não foi esta situação que beliscou a relação entre eles. Penso que continuarão assim até à centralização dos direitos televisivos, que é o fator mais importante do futebol português nos próximos dois anos", frisou.

De resto, Lopo destacou que tanto a FPF como a Liga estão "numa fase de mudança" e que tem boas relações com ambas, abordando a auditoria às contas da última. "Perante os resultados apresentados, se for mais confortável para a atual direção fazê-lo, não nos opomos, porque foram apresentados alguns dados financeiros que nos deixam preocupados", lamentou. "Penso que as auditorias não devem meter medo a ninguém. Quem sai de consciência tranquila não se sente ameaçado por nenhuma auditoria e quem entra sente-se claramente protegido para o que aí vem. As auditorias servem para fazer um raio-X do momento e é evidente que o momento financeiro da Liga não é fácil", analisou.

"A Liga tinha um orçamento para a construção da sede na casa dos 17 milhões que acabou nos 25, foi uma derrapagem de 50 por cento e isso tem implicações claras no dia-a-dia dos clubes, até porque a Liga irá pagar empréstimos bancários na casa dos 175 mil euros por mês durante muitos anos e acredito que ficaríamos todos mais protegidos se eventualmente tivéssemos um raio-X do momento da Liga. Mas nada nos move contra a antiga direção nem contra a atual, pelo contrário, penso que quando não se deve, não tem de se temer", concluiu Paulo Lopo.