
Nova época, três reforços no onze e até ao espaço se abrir, o que aconteceu aos 38 minutos, graças ao génio de Pavlidis, as dificuldades de sempre no ataque posicional.
É verdade que Bruno Lage não tem João Félix ou até um novo extremo para o lugar de Di María — bem necessários mostraram ser tendo em conta a amostra — e até imagino que tenha querido dar algum moral a João Veloso, no entanto, também não ajudou ter no onze quatro médios que, não sendo de perfil semelhante, não deixam de ser parecidos no momento de criar desequilíbrios. Todos somados, não valem um 10.
Não é que o jovem tenha estado mal, bem pelo contrário, juntando-se à primeira fase de construção, pressionando à frente, ao lado de Pavlidis, no 4x4x2 habitual sem bola, e até aparecendo pela esquerda no envolvimento do adversário ou numa segunda vaga, em transição ofensiva, mas não é, de todos, um fantasista. Também é preciso espaço para Aursnes e o lado direito pode até ser uma solução para algumas partidas, sobretudo se aquela dinâmica com Ríos a aparecer no seu lugar for trabalhada, já para não falar da forma como liberta o espaço para o aparecimento de quem se sente peixe em água nos momentos ofensivos como Dedic, porém para uma liga como a portuguesa, em que o domínio muitas vezes será muito grande, falta quem tenha rasgo.
Até Pavlidis descobrir o movimento para o qual Akturkoglu nasceu, o do ataque ao espaço nas costas da linha defensiva contrária, contando com a distração no lateral Archie Brown no momento do fora de jogo, o Benfica pouco incomodou o Fenerbahçe. Livakovic defendeu um cabeceamento de Otamendi, antes de três finalizações sem grande eficácia do grego, e pouco mais. Pelo meio, aos 13 minutos, em transição, como Mourinho também gosta, En-Nesyri ainda partiu os rins a Otamendi antes de Trubin entrar em ação.
Falávamos de Veloso e ele disse presente no segundo golo, apontado quatro minutos depois de ter sido inaugurado o marcador. É o miúdo quem descobre Pavlidis antes de a jogada se perder e de se voltar a reencontrar em Dahl, Ríos, Pavlidis e no desastrado calcanhar de Archie Brown, que introduziu a bola na própria baliza.
Não se esperava, depois de quebrado o gelo, que o resultado voltasse a ser ameaçado pelo Fenerbahçe, até aí apenas com uma ou outra saída para o ataque, mas um erro de Barrenechea, que falhou um passe e depois demorou a pressionar Kahveci à entrada da área, permitiu-o. O capitão colocou a bola longe de Trubin e festejou.
A mesma falta de proteção da zona da meia-lua voltaria a manifestar-se no segundo tempo, aos 53 minutos, quando Jhon Durán fez a bola embater com estrondo com poste esquerdo da baliza já à guarda de um muito confiante Samuel Soares, entrado ao intervalo.
Lage muda, Mourinho melhora
No Fenerbahçe, montou-se um esquema de três centrais, enquanto as quatro alterações do lado dos encarnados, sem que fosse esse o propósito, inverteram o triângulo a meio-campo, tornando-o escaleno. Porque Barreiro se colocou ao lado de Ríos e Aursnes se projetou mais, ainda que não pelo corredor central, mas pelos meios-espaços da direita, onde por perto andava Bruma. Havia espaço para aproveitar e os turcos não se fizeram rogados.
A controlar a partida, o Fener chegou ao empate. En-Nesyri atacou o espaço entre os centrais, com Otamendi a preferir dar um passo para o fora de jogo em vez de tentar seguir o avançado, que depois não perdoou.
Como é habitual, as substituições continuaram e as águias lutaram por mais um golo e pelo troféu, que tirando a justa homenagem a Eusébio pouco significa. Prestianni e Schjelderup mexeram com o jogo, Leandro Santos entrou com energia e Henrique Araújo esticou o pé, numa bola parada, para cumprir o tributo.
Os encarnados vencem, todavia, embora seja cedo, não parecem melhor do que na época passada.