SÃO PAULO — Renato Paiva inicia no Fortaleza o terceiro trabalho no Brasil com tantos ou mais desafios do que nas experiências anteriores, no Bahia, primeiro, e no Botafogo, de onde saiu há menos de um mês. O maior deles está na classificação à vista de toda a gente: o clube nordestino é o penúltimo da tabela, a três pontos da zona de salvação. Mas há mais, muito mais, para o treinador português de 55 anos resolver.

Ainda na linguagem gelada dos números, o Fortaleza é, além de penúltimo, o segundo com menos vitórias, o quinto pior ataque, a terceira pior defesa e, por consequência, o antepenúltimo na diferença entre golos marcados e sofridos. Já são 10 jogos seguidos sem vencer, somando todas as competições, o último dos quais, em casa com o Bahia, já sob o comando de Paiva, num 1-1 em que a equipa se mostrou diferente.

Números à parte, o português substitui aquele que é considerado o maior treinador da história do clube, Juan Carlos Vojvoda. O argentino venceu cinco títulos regionais e estaduais e garantiu três apuramentos para a Taça dos Libertadores da América e uma final da Copa Sul-Americana em mais de quatro anos de trabalho, uma longevidade só superada no Brasil pela de Abel Ferreira, no Palmeiras.

E chega no meio de um vaivém de jogadores e não só: as últimas notícias dão conta da provável saída do ex-benfiquista David Luiz para o Pafos, do Chipre, e o interesse no ex-braguista Danilo Barbosa, hoje no Botafogo, anterior clube do novo técnico, cobiçado também no mercado árabe. Mas, antes dessas mudanças, já chegaram um diretor desportivo, dois analistas de desempenho e seis atletas. E saíram oito jogadores.

 Com o Bahia, atuaram contratações, como Tuco Herrera, Bareiro, Matheus Pereira (ex-Eibar, não confundir com o jogador do Cruzeiro), entre outros. Paiva tem, portanto, de inverter a onda negativa de resultados ao mesmo tempo em que constrói um equipa, se não do zero, quase. Com Vojvoda a equipa jogava preferencialmente em 4x2x3x1; é provável que o português, que chegou a usar o sistema no Botafogo, não faça mudanças substanciais nesse particular.

«Em momentos de dificuldade e de desconfiança, de maus resultados, há dois tipos de vitórias: as numéricas e as comportamentais, tivemos uma vitória comportamental», afirmou Paiva, após o empate com o Bahia na estreia. O próximo compromisso, já com mais ideias do treinador assimiladas pelo grupo, é no sábado com o Bragantino, outra vez em Fortaleza.