Texto de Rita Ricchiuti e Giuseppe Berardi, do L Football. Estes textos foram escritos no âmbito da Guardian Experts' Network, a rede de troca de conteúdos para a edição 2025 do Europeu de Futebol Feminino, liderada pelo jornal inglês The Guardian e que tem A BOLA como representante português.

«O sentimento é o mesmo de 2019», garante Cristiana Girelli, uma das protagonistas do Campeonato do Mundo que mudou a história do futebol feminino em Itália. Da edição em que a seleção transalpina venceu o grupo, à frente da Austrália, e chegou aos quartos de final. 

Depois vieram as desilusões do Euro 2022 e do Mundial do ano seguinte, mas o contexto parece melhor agora. A chegada de Andrea Soncin, em setembro de 2023, deu o pontapé de saída para um renascimento lento mas surpreendente. Sem necessidade de fazer uma revolução, o selecionador mudou gradualmente a equipa, através de uma mudança geracional subtil, mas que deu caras novas à equipa, sem esquecer a velha guarda. 

Este ciclo começou na Liga das Nações, prova em que a seleção italiana ficou em segundo lugar, atrás da Espanha, mas com um triunfo histórico frente às campeãs mundiais, por 3-2, resultado que contribuiu para o otimismo que agora existe, reforçado pela campanha de qualificação para este Europeu, uma vez que Itália venceu o grupo, à frente dos Países Baixos. 

A equipa de Soncin mostra fluidez, especialmente nas alas. A base é um 3x5x2, mas facilmente convertível em 3x4x3 ou 4x3x3. Os extremos/alas são fundamentais, pela forma como passam do quinteto de meio-campo para o papel de extremos, ou como depois estão a fechar os corredores. 

A seleção italiana está privada da centrocampista Giulia Dragoni, por conta de uma lesão sofrida no final da época, mas, por outro lado, Cecilia Salva está de regresso e disponível para fazer sentir a sua presença no centro da defesa. 

A seleção italiana acabou bem a campanha na Liga das Nações, ao bater a Dinamarca por 3-0, e ao empatar a zero com a Suécia, antes de uma moralizadora goleada por 4-1 a Gales. A equipa parece preparada para competir contra qualquer adversário. 

Selecionador: Andrea Soncin

A escolha do sucessor de Milena Bertolini gerou alguma desconfiança, após o Mundial 2023. Soncin era conhecido sobretudo por duas experiências como treinador interino da equipa masculina do Veneza, mas com melhorias apresentadas nos resultados e nas exibições. «Não é futebol feminino, é futebol», afirmou o técnico em dezembro. «Podem diferir aspetos relacionais, psicológicos e motivacionais, mas o desejo de vencer, a paixão e os aspetos técnico-táticos são os mesmos», reforçou. Durante a carreira de jogador, que incluiu passagens por Torino, Atalanta e Ascoli, Soncin ganhou a alcunha de ‘Cobra’, dada pelo técnico Serse Cosmi. 

Estrela: Cristiana Girelli

Não consegue parar de marcar. Aos 35 anos continua a ser a principal ameaça ofensiva de Itália. Já passou a meia centena de golos pela seleção, e continua a mostrar que a idade é só um número para alguém que tem o dom da finalização. Mas não é apenas a goleadora da seleção italiana. É também uma líder nata, com uma atitude que lhe valeu a braçadeira de capitã. A influência da jogadora da Juventus nota-se tanto a jogar de início como a partir do banco. Uma cabeceadora fenomenal, parece capaz de descobrir a baliza a partir de qualquer posição na área. 

A ter em conta: Sofia Cantore

Melhor avançada da Serie A em 2024/25, já é conhecida dos adeptos italianos, mas pode agora apresentar-se a uma audiência mais alargada. Somou 11 golos e sete assistências na última época, a jogadora da Juventus, de 25 anos, tem quebrado barreiras e alimentado expectativas. Veloz na ala e fria frente à baliza. 

Onze-base (3x5x2)

Giuliani; Lenzini, Salvai, Linari; Di Guglielmo, Caruso, Giugliano, Severini, Boattin; Cantore e Girelli

Objetivo realista

A seleção italiana pretende passar a fase de grupos, e se o conseguir tentará deixar marca na elite do futebol feminino europeu.