Geneviève Jeanningros, a freira de 82 anos que quebrou o protocolo no velório público do Papa Francisco logo no primeiro dia, já voltou quatro vezes à Basílica de S. Pedro, e acompanhada.
«Tantas pessoas me disseram: quando fores ter com o Papa, leva-nos contigo. Eu também chorei por eles», confessa a freira francesa ao Vatican News, já inconfundível com a sua figura magra, lenço azul, mochila verde.
Ao seu lado a paraguaia Laura Esquibel, com uma história muito pessoal para contar: «Fui a primeira transexual a apertar a mão ao Papa Francisco. Vi-o sete vezes, almoçámos juntos.» Levava-lhe empanadas: «Sim, eu fazia-as e mandava para ele. Gostava muito dele.»
Geneviève tornou-se viral na quarta-feira, dia da transladação do corpo do Pontífice para a Basílica, quando, quebrando o protocolo, saiu da fila e ficou num canto a chorar. A freira não quis comentar o momento: «Não sou capaz», diz à porta da Basílica, na quarta vez que vai ver o Papa. «Não, não consigo. Não quero falar com ninguém», repete.
Mas lá aceita falar para os meios oficiais do Vaticano, para prestar homenagem a um «grande Papa». "Não posso falar porque é demasiado, sabe? Eu gostava muito dele, é isso.»
De Jorge Bergoglio diz do que vai sentir falta: «Dos dos seus olhos, do seu olhar, quando me dizia para ir em frente. E também da ajuda. Tivemos muita ajuda, o seu acolhimento não tinha limites. E dava muita esperança.»
A freira refere que leva consigo toda a comunidade que apoia - prostitutas, transexuais, ciganos: «Digo sempre que ele era um pai, um irmão, um amigo. Toda a gente vai sentir a sua falta. Comove-me ver tanta gente. Viemos ontem à noite, hoje está a Laura, outros virão. Muitos tinham-me dito: ‘quando fores ter com o Papa Francisco, leva-nos contigo’. E assim confiei-lhe tudo.»
Geneviève era presença habitual no Vaticano, uma vez às quartas-feiras era comum o Papa recebê-la. A octogenária, que conheceu o Papa na Argentina, é uma mulher de causas e defensora há várias décadas das minorias. Vive numa caravana nos arredores de Roma.