Os recém-campeões continentais de sub-17 por Portugal precisam de manter a fasquia, assume Diogo Queirós, capitão da geração vencedora em 2016, na segunda de três conquistas nacionais em Europeus do escalão.

"Nós fomos vistos - e estes também serão - como jogadores especiais, que alcançaram coisas que muito poucos conseguiram. Agora, o objetivo que tem de entrar nas cabeças deles é manterem o nível e procurarem dar provas de que não foi uma sorte aquilo que conseguiram atingir e que são realmente bons e conseguem dar o melhor por Portugal sempre que são chamados", notou o defesa central do Dunkerque, do segundo escalão francês e orientado pelo técnico português Luís Castro, em declarações à agência Lusa.

No domingo, Portugal repetiu os êxitos de 2003 e 2016, na era dos sub-17, e em 1989, 1995 1996 e 2000, no antigo formato de sub-16, ao derrotar na final a França (3-0), em Tirana, para suceder à Itália, que tinha vencido os lusos pelo mesmo resultado em 2024.

"O mais importante é a mentalidade e a cabeça dos jogadores, porque qualquer um que está na seleção de sub-17 e conquista troféus tem qualidade. A diferença está na forma como lidam com a pressão e as adversidades que aparecem pela frente", frisou o antigo capitão na formação do FC Porto, pelo qual conquistou uma Youth League, em 2018/19.

Diogo Queirós, de 26 anos, lembra a força das relações pessoais entre os campeões de 2016, que era repercutida dentro de campo e possibilitou uma vitória no desempate por penáltis diante da Espanha (5-4, após 1-1 no tempo regulamentar), na decisão, em Baku.

"[O êxito] Teve um impacto imenso, mas, ao mesmo tempo, sinto que nem se tem bem a real noção na altura do que conseguimos atingir. Agora, claro que é um grande ponto de partida para continuarmos a nossa formação e verificar que entramos num espaço muito diferenciado, que acarreta ainda mais responsabilidade e pressão no futuro", enquadrou.

Dessa seleção conduzida por Hélio Sousa, os guarda-redes Diogo Costa e João Virgínia, os defesas Thierry Correia, Diogo Queirós e Rúben Vinagre, os médios Domingos Quina, Florentino e Miguel Luís e os avançados Mesaque Djú, Jota e Zé Gomes viriam a ganhar em 2018 o cetro continental de sub-19, feito jamais observado no futebol jovem nacional.

Cruzando as gerações vencedoras nos dois escalões, Diogo Costa, Diogo Dalot, Gedson Fernandes, Francisco Trincão e Rafael Leão chegaram à seleção A, bem como Diogo Leite e David Carmo, que não se estrearam - o segundo compete atualmente por Angola.

"Na altura, olhava para os meus colegas e sentia que eles eram os melhores e tinham um grande futuro pela frente. Por isso, não me surpreende assim muito que tenham chegado lá. O anormal era se ninguém o fizesse. Foi uma geração que trouxe muita coisa positiva para o nosso país", avaliou Diogo Queirós, vice-campeão da Europa de sub-21 em 2021.

Apesar da projeção nos escalões jovens, o defesa central não debutou pelos seniores do FC Porto e oscilou nas passagens posteriores pelos belgas do Mouscron, cedido pelos dragões, pelo Famalicão, pelos espanhóis do Valladolid, sob empréstimo dos minhotos, pelos romenos do Farul Constanta e pelo Dunkerque, ao qual chegou no verão de 2024.

"A [transição da formação para o patamar sénior] é, se calhar, a fase mais importante da vida de um jogador e depende de vários fatores. Se a maioria desses for positiva, é mais fácil continuar a trilhar o percurso que toda a gente está à espera que um jovem obtenha. Se acontecerem coisas mais negativas, o trajeto fica com mais curvas e um atleta tem de se mentalizar que não vai chegar tão diretamente ao topo, mas nunca deixar de acreditar no seu potencial", referiu, honrado por ter sido capitão durante grande parte da carreira e seguro de que tem "características naturais e uma personalidade próxima" dessa função.