A criação da Liga das Nações foi um enorme sucesso por parte da UEFA. Qualquer português que o diga é suspeito, pois claro, já que fala com a barriguinha cheia e com o viés de quem triplicou o número de troféus conquistados desde a criação da competição. Ainda assim, não é isso que impede a afirmação de ser verdadeira.

Os jogos amigáveis foram praticamente erradicados, as seleções europeias ganharam novas oportunidades para defrontar seleções do seu calibre no sistema aberto e meritocrático que as divisões permitem, e as melhores equipas têm um troféu em jogo. Nada disto é novo, já que esses eram alguns dos objetivos anunciados em 2013, mas o projeto funciona.

Seleção portuguesa esteve duas vezes em desvantagem @Getty /

Passaram seis anos desde que Portugal levantou o troféu pela primeira vez, na edição inaugural. O Estádio do Dragão recebeu uma noite feliz, mas que no fim levou vários milhares (milhões?) de adeptos a um estado de dúvida em relação a como celebrar. Era uma competição nova, sem história e tudo o que se sabia com total certeza era que não se tratava de um Mundial nem de Euro.

E houve festejos, é certo. Muitos se lançaram às ruas em celebração da segunda conquista da história da seleção nacional, mas não é de todo injusto chamar a essa festa de tímida. A excessiva ponderação de quem teme envergonhar-se por ser mais efusivo do que a situação justifica. Hoje, sabemos mais e por isso devemos ir mais longe.

Portugal foi vencedor invicto do seu grupo de uma divisão onde estão as melhores seleções do continente. Depois disso virou uma eliminatória na segunda mão frente à Dinamarca para chegar a uma final four onde, contra as expectativas de muitos portugueses, eliminou a anfitriã Alemanha. Na final, frente a um rival e campeão europeu em título, que não perdia oficialmente há 24 jogos, a seleção voltou a ir além do esperado e acabou a erguer o que é apenas o seu terceiro troféu numa história com mais de uma centena de anos e quase 700 jogos. Isso deve ser celebrado.

A caminho do museu. @Getty /

E quem viu a final four apercebeu-se certamente da qualidade das meias-finais e final, da competitividade que os jogadores (depois de uma época extensa) demonstraram, e do quão desejosos estavam de vencer. No fim, eles próprios - e alguns crónicos vencedores com pouco para provar - festejaram e falaram sobre a dimensão da conquista. Celebremos com eles.

Se não festejou a conquista desta Liga das Nações, caro português, fazemos-lhe um pequeno apelo: faça-o. Corra, salte, abrace alguém ou, pelo menos, esboce um sorriso. Mas faça algo! E se já o fez, então comece a nova semana fazendo-o novamente. Garantimos que será comportamento adequado para um campeão...