
Uma das negociações fantasma (pela ausência de rumores) e em tempo recorde de André Villas-Boas desde que chegou à presidência do Porto, levou a uma, ainda que não monetariamente direta, troca de laterais direitos com a Juventus.
João Mário, que representava os dragões desde 2009/2010, quando chegou da Sanjoanense, clube da cidade de São João da Madeira de onde é natural, para os sub-10 azuis e brancos, rumou à Juventus.
No sentido contrário, chegou Alberto Costa, natural de Santo Tirso, mas formado no Vitória SC desde 2013/2014, que representava a Vecchia Signora desde janeiro deste ano.
João Mário, durante toda a sua formação, foi aquilo a que chamamos um extremo direito puro, jogando na mesma ala que o seu pé predominante. Numa boa adaptação conseguida por Sérgio Conceição para atacar a época 2021/2022 – em que o Porto até foi campeão nacional, – foi transformado num lateral de projeção ofensiva.
A verdade é que, mesmo aí, tendo tido alguns bons momentos, nunca foi alguém em que se projetasse um futuro brilhante, nem um rendimento financeiro destacado. As lacunas no seu jogo eram evidentes, sobretudo a nível defensivo, mas também a nível ofensivo, onde apresenta alguns problemas ao nível da tomada de decisão e alguma unidimensionalidade no jogo, tendo já 25 anos, que embora seja uma idade passível de evolução, já deixa os clubes compradores de olhos virados, numa lógica de pagar pelo potencial.

No sentido oposto, numa altura em que o fator individual está cada vez mais presente, o atleticismo de Alberto Costa, mesclado com a segurança defensiva que oferece, tornam-no quase que, automaticamente, valioso. Ainda assim, ao contrário da Juventus, o Porto está a pagar pelo potencial, já que está muito longe de ser um jogador pronto e que não beneficiou propriamente do repentino salto para Itália, após apenas meia temporada de Primeira Liga.
Teria beneficiado de terminar a época em Guimarães, limar as características ofensivas, já que embora seja alguém que suba bem à largura, tecnicamente, tem algumas debilidades, para agora, neste verão, equacionar o seu futuro.
A verdade é que isso não aconteceu e, desde o mercado de inverno, o Sporting andava a namorar o jovem lateral português, negócio esse que nunca avançou. Primeiramente, como já é sabido, rumou a Turim e, depois de novo namoro, escolheu aquele que é o seu clube de infância.
Ainda assim, o melhor, seja no momento, seja ou em potencial, continua a ser Martim Fernandes, por conjugar a segurança defensiva de um, com a irreverência ofensiva do outro, mas, sobretudo, com um conforto em posse, uma criatividade em posse e uma maturidade tática que nenhum tem.
De qualquer das formas, parece-me que os dragões saem a ganhar, apesar de terem pago uma quantia de cerca de quatro milhões de euros extra, e que, não apenas, mas em especial na vertente física, o Porto e Francesco Farioli têm, à disposição, dois perfis de laterais direitos distintos, mas ambos, indubitavelmente, com um potencial bastante elevado.