"Infelizmente o país enfrenta a terceira vaga, desde julho, que agravou-se em agosto, onde vimos que a velocidade de disseminação da doença está se tornando mais rápida", disse a infeciologista Eula Carvalho.

Segundo a médica "a situação é grave e preocupante" porque atualmente o país regista "maior número de casos e maior número de hospitalização [com gravidade] que está associado a variante Delta", que "além de ter maior transmissibilidade e agressividade, quase que dobra" a possibilidade de contaminar outras pessoas.

Eula Carvalho explicou que "uma pessoa com a variante Delta pode contaminar até seis pessoas", ou seja, quase o dobro em relação a variante Alfa que já não tem registado infeções em números relevantes no país.

A médica infeciologista revelou que o sistema de saúde tem registado maior hospitalização de "pessoas que não vacinaram ou pessoas que vacinaram, mas ainda não completaram 14 dias pós vacinação".

Neste sentido a infeciologista apelou a população para aderir ao processo de vacinação, destacando que "mesmo a pessoa estando vacinada tem que seguir as medidas de proteção porque toda a população ainda não está protegida".

Eula Carvalho revelou que a variante Delta tem infetado pessoas de todas as faixas etárias, com maior taxa para os "jovens em idade reprodutiva", mas os casos de hospitalização são sobretudo de "pessoas idosas, acima de 60 anos".

A especialista em análises e saúde pública e responsável do Laboratório de Referência Nacional, Rosa Neto, sublinhou que nesta terceira vaga, "as cargas virais" da variante Delta "são maiores do que algumas variantes" já detetadas no país.

"Quando nós fazemos o exame de controlo vemos que muitas das vezes de uma semana para outra as pessoas ainda têm quantidade de carga viral que conseguem transmitir a doença para [outros] indivíduos", explicou a Rosa Neto, assegurando que neste momento a variante Delta é a única que está a circulação em São Tomé e Príncipe.

O Ministério da Justiça que assume interinamente a tutela da pasta da Saúde, revelou hoje através de uma publicação na sua página do Facebook que "O Hospital Central Ayres Menezes, particularmente na ala do assintomático respiratório, já não tem capacidade receber mais pacientes. Daí que os pacientes estão sendo desde ontem [segunda-feira] transferidos para o Hotel Miramar e posteriormente conduzidos a uma das alas do antigo Hospital Monte Café".

Nas últimas 24 horas São Tomé e Príncipe registou mais um óbito, de "uma  pessoa do sexo masculino, do Distrito de Água Grande, de 42 anos".

Foi a terceira morte por covid-19 registada no país esta semana, depois de duas assinaladas segunda-feira.

De acordo com o boletim diário divulgado pelas autoridades locais, nas últimas 24 horas, houve o registo de 18 casos -- seis na ilha de São Tomé, e 12 na ilha do Príncipe - e seis recuperações da doença - quatro na ilha de São Tomé e duas na ilha do Príncipe.

Com os dados mais recentes, o arquipélago conta agora com 3.115 casos de infeção pelo novo coronavírus desde o início da pandemia, entre os quais 46 óbitos e 2.597 recuperações da doença.

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