Quais os principais objetivos do seu mandato na APIC?

Durante este mandato, pretendemos reforçar cinco grandes pilares: a formação contínua dos profissionais, a formação e sensibilização dos doentes, o apoio ao desenvolvimento de carreira dos jovens cardiologistas de intervenção, o incentivo à investigação científica e a promoção da colaboração nacional e internacional. Um dos nossos grandes objetivos é também fortalecer o papel da APIC como representante da Cardiologia de Intervenção junto das entidades reguladoras e decisoras, defendendo os interesses dos profissionais e dos doentes.

Como avalia, atualmente, a realidade portuguesa da Cardiologia de Intervenção?

Portugal tem uma prática de excelência na Cardiologia de Intervenção, reconhecida internacionalmente, e conta com profissionais altamente qualificados. No entanto, persistem desafios significativos, particularmente no acesso equitativo aos procedimentos que modificam o prognóstico dos doentes, como a intervenção percutânea da válvula aórtica. Verificam-se ainda diferenças geográficas relevantes, com algumas regiões a enfrentarem listas de espera longas.

Um dos objetivos prioritários do nosso mandato é trabalhar para uniformizar o acesso a estes procedimentos em todo o território nacional, promovendo a criação e divulgação pública de listas de espera para procedimentos específicos, garantindo transparência, equidade e permitindo uma melhor gestão dos recursos disponíveis. Acreditamos que a visibilidade destes dados será um passo essencial para sensibilizar decisores políticos e melhorar os cuidados prestados aos doentes.

“…a Cardiologia de Intervenção continua a ser uma área bastante atrativa para os internos. Trata-se de uma especialidade que alia conhecimento técnico avançado, inovação constante e impacto direto na vida dos doentes”

Quais são os principais desafios?

Entre os principais desafios, destaco: garantir o acesso uniforme ao tratamento percutâneo das doenças cardiovasculares em todo o território nacional, assegurar a formação de novos especialistas num contexto de evolução tecnológica muito rápida, reforçar a capacidade de investigação clínica e representar eficazmente a Cardiologia de Intervenção nas decisões políticas sobre saúde. É igualmente importante a sustentabilidade dos programas de intervenção, num contexto de pressão orçamental crescente.

É uma área de interesse para os internos?

Sim, a Cardiologia de Intervenção continua a ser uma área bastante atrativa para os internos. Trata-se de uma especialidade que alia conhecimento técnico avançado, inovação constante e impacto direto na vida dos doentes. No entanto, também reconhecemos que a formação é desafiante e é fisicamente exigente, com longas horas de trabalho em sala de intervenção e com exposição a radiação ionizante. Um dos nossos compromissos é precisamente investir em programas de formação e mentoria e promover boas práticas de proteção radiológica, de forma a apoiar os internos e jovens especialistas no seu desenvolvimento profissional e pessoal.

Que iniciativas pretendem organizar nos próximos tempos?

Estamos a preparar várias iniciativas para reforçar a formação, a atualização científica e a ligação entre os profissionais da área. Em junho, realizaremos o Focus Meeting da APIC, que será dedicado à Desnervação Renal, Encerramento do Apêndice Auricular Esquerdo e Encerramento de Foramen Oval Patente. Em novembro, teremos a Reunião Anual da APIC, um dos momentos altos do calendário científico nacional.

Paralelamente, dinamizaremos webinares temáticos e o Day at the Cath Lab (D@CL), que oferece uma visão prática e envolvente da atividade diária em Cardiologia de Intervenção. Estamos também a organizar cursos de simulação, para treino técnico e tomada de decisão em cenários complexos e programas de preparação para publicação científica, que apoiarão a formação em investigação dos jovens cardiologistas de intervenção. Adicionalmente, estamos a reformular o Club@APIC, criando um espaço renovado de interação e formação.

Maria João Garcia

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