A iniciativa Spotlight pretende responder a uma "realidade" que mostra que "a violência é frequentemente exacerbada em situações de emergência e de catástrofes naturais, devido à rutura de serviços, destruição de infraestruturas, possibilidade de deslocação e acesso limitado a serviços de apoio", explica um comunicado das duas organizações.

"Em qualquer catástrofe natural, as mulheres, raparigas e outras componentes vulneráveis da sociedade são as mais afetadas devido às desigualdades pré-existentes", acrescenta o texto.

De acordo com o relatório de atualização da resposta às cheias do passado dia 4 de abril, preparado pelo gabinete das Nações Unidas em Díli, a catástrofe provocou 31 mortos e 10 desaparecidos e afetou 31.337 famílias em todo o país, com quase 4.000 pessoas ainda em centros temporários de acolhimento. Mais de 2.160 hectares de zonas agrícolas foram afetados em vários pontos do país.

O Governo timorense "aprecia a reafetação do orçamento" para apoiar as pessoas afetadas, "particularmente mulheres, raparigas e outras componentes vulneráveis", declarou a secretária de Estado para a Igualdade e Inclusão, Maria José da Fonseca Monteiro de Jesus, citada no comunicado.

A violência baseada no género (VBG) é amplamente reconhecida como uma preocupação prevalecente em Timor-Leste, onde quase duas em cada três mulheres entre os 15 e os 49 anos relatam terem sofrido violência do parceiro íntimo durante a sua vida.

O embaixador da União Europeia em Timor-Leste, Andrew Jacobs, reconheceu que as cheias "causaram grandes danos em todo o país e custaram a vida a muitas pessoas" e sublinhou que a Iniciativa Spotlight pretende garantir que "os serviços não só se mantêm abertos como se tornam mais acessíveis aos grupos frequentemente deixados para trás".

"A União Europeia apoia o povo de Timor-Leste neste momento de sofrimento e continua empenhada em proteger e apoiar as mulheres em Timor-Leste", reforçou o diplomata, citado no mesmo comunicado.

O financiamento redirecionado será utilizado para divulgar informação sobre a prevenção da violência baseada no género e sobre os sistemas de encaminhamento, fornecer apoio psicossocial, alimentos básicos e artigos não alimentares às mulheres, raparigas e às pessoas vulneráveis que sobrevivem à violência baseada no género, detalha o documento.

"Durante as crises humanitárias, o fardo sobre as mulheres e raparigas aumenta geralmente. As suas horas de trabalho, cuidados infantis e outros papéis de cuidado e apoio no seio das famílias são frequentemente multiplicados", destaca Roy Trivedy, coordenador residente das Nações Unidas em Timor-Leste.

"Se desenvolvem a sua atividade em pequenas empresas, os seus meios de subsistência são geralmente afetados. Os níveis de violência doméstica aumentam frequentemente. E são também afetadas se os sistemas legais, de saúde e outros serviços deixarem de funcionar normalmente", acrescentou o mesmo responsável, igualmente citado no comunicado.

De acordo com o relatório de atualização da resposta às cheias do coordenador residente das Nações Unidas em Timor-Leste, divulgado na semana passada, em termos globais, os parceiros de desenvolvimento, tanto a nível bilateral como multilateral, comprometeram até agora 10,5 milhões de dólares (8,65 milhões de euros) em apoios de emergência ao país.

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