A Comunidade Islâmica de Lisboa considera que os muçulmanos em Portugal estão a ser associados à criminalidade por causa de “preconceito” e “má-fé”. Esta comunidade defende que faz parte do país, para o qual “trabalha e contribui”, e alerta para os perigos do discurso de ódio.

Num comunicado, divulgado esta segunda-feira, a Comunidade Islâmica de Lisboa fala numa “vaga de acusações infundadas” dirigidas à comunidade e aos muçulmanos que vivem em Portugal.

“Temos assistido, com preocupação, ao aumento de publicações e discursos que, distorcendo factos ou recorrendo a simplificações perigosas, tentam construir a ideia de que a nossa presença representa uma ameaça” , apo n ta .

A comunidade islâmica afirma que estas mensagens estão enraizadas em “preconceito ou má-fé” e que minama convivência” e “os princípios que sustentam a sociedade portuguesa”.

“Fazemos parte deste país”, sublinham os muçulmanos de Lisboa . “Aqui estudamos, trabalhamos, criamos os nossos filhos, contribuímos como todos .

Lembrando a laicidade do Estado português e a liberdade de religião eno país, a comunidade refere que a fé islâmica não é “obstáculo” à participação plena na sociedade.

"Se ignorada, semente do ódio pode dar frutos amargos"

A comunidade rejeita a associação da criminalidade aos imigrantes muçulmanos e denuncia os “discursos que vivem do medo e da provocação”.

“Se alguém, seja quem for, muçulmano ou não, cometer um crime, que responda por isso, mas como indivíduo”, defende. “Não podemos aceitar é que atos isolados sejam usados como desculpa para atacar uma religião inteira ou uma comunidade .

Os muçulmanos apelam, por isso, à vigilância de todos. Porque, alertam, o discurso de ódio “é uma semente que, se ignorada, pode dar frutos amargos”.

“A História está cheia de exemplos que não queremos repetir” , notam.

Esta posição da Comunidade Islâmica de Lisboa surge no dia em que se soube que o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, pediu uma reunião "comcaráter de urgência" à nova ministra da Administração Interna, devido ao que classifica como "insegurança e violência" vividas na cidade.

O autarca de Lisboa tem assinalado o aumento da perceção de criminalidade na capital e pedido mais poderes para a Polícia Municipal. Carlos Moedas pediu também instalação de vídeo proteção em zonas da cidade fortemente habitadas por imigrantes, como o Martim Moniz, Mouraria, Arroios, mas também em São Domingos de Benfica e na Avenida da Liberdade.