
O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou esta quinta-feira um novo acordo comercial entre Washington e Londres, um compromisso "completo e abrangente, que irá consolidar a relação entre os Estados Unidos e o Reino Unido durante muitos anos".
O anúncio sobre o acordo com os britânicos foi feito em Washington, às 10:00 locais (15:00 em Lisboa). É o primeiro acordo comercial bilateral anunciado desde que Trump começou a aplicar tarifas aos parceiros comerciais dos Estados Unidos.
"Com este acordo, o Reino Unido junta-se aos Estados Unidos na determinação de que a reciprocidade e a equidade são um princípio essencial e vital do comércio internacional. Penso que será realmente um ótimo negócio para ambos os países, porque será realmente excelente para o Reino Unido também. Estão a abrir o país. O país deles é um pouco fechado e nós valorizamos isso. Os pormenores finais serão redigidos nas próximas semanas. Tudo ficará muito bem definido. Mas o acordo atual está muito bem definido. Pensamos que quase tudo foi aprovado."
O primeiro-ministro britânico já reagiu ao acordo comercial com os Estados Unidos. Diz que é um dia histórico e que o acordo vai impulsionar o comércio entre os dois países.
“Este é um dia realmente fantástico e histórico, em que podemos anunciar este acordo entre os nossos dois grandes países. E penso que é um verdadeiro tributo à nossa história de trabalho conjunto tão estreito. Permitam-me que preste homenagem, Donald, à sua equipa de negociação, em especial a Howard e Jameson, que fizeram um trabalho incrível, um trabalho muito profissional, e à minha equipa, que também negociou os termos do que levou várias semanas para chegar hoje a este acordo, um acordo verdadeiramente importante. Este acordo vai impulsionar o comércio entre os nossos países e entre eles”.
Na quarta-feira à noite, o Presidente norte-americano já tinha avançado que iria anunciar um "grande acordo comercial" com um "país grande e muito respeitado", mas que não identificou.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou esta quinta-feira que sempre "agirá no interesse nacional" e proporcionará "segurança e renovação" ao Reino Unido, antes do anúncio planeado pelos Estados Unidos sobre o acordo comercial entre os dois países.
"Estamos em negociações com os Estados Unidos há algum tempo e terão mais detalhes hoje, mas não se deixem enganar, pois agirei sempre no interesse nacional, pelos trabalhadores, empresas e famílias, para trazer segurança e renovação ao nosso país", disse o líder trabalhista num discurso em Londres.
Há muito que o Reino Unido procura assinar um acordo comercial com os Estados Unidos para mitigar o impacto das tarifas anunciadas no mês passado por Donald Trump, que impôs uma taxa de 10% sobre todas as exportações britânicas e uma sobretaxa de 25% sobre o aço, o alumínio e os veículos.
Um dos principais objetivos dos negociadores britânicos tem sido reduzir ou suspender o imposto de importação dos Estados Unidos sobre os automóveis e o aço do Reino Unido.
Os Estados Unidos são o maior destino dos automóveis britânicos, representando mais de um quarto das exportações de automóveis do Reino Unido em 2024, de acordo com o Gabinete Nacional de Estatística.
Os britânicos procuram também isenções para os produtos farmacêuticos, enquanto os Estados Unidos pretendem um maior acesso ao mercado britânico para os seus produtos agrícolas. O Governo de Starmer já disse que não vai reduzir os padrões alimentares do Reino Unido para permitir a entrada de frango norte-americano tratado com cloro ou carne bovina com hormonas.
O executivo britânico verá o acordo como uma justificação da abordagem branda de Starmer em relação a Trump, que evitou o confronto direto ou críticas. Ao contrário da União Europeia (UE), o Reino Unido não anunciou tarifas de retaliação sobre os produtos dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos têm um peso significativo na economia do Reino Unido, pois foram o maior parceiro comercial dos britânicos no ano passado, segundo as estatísticas governamentais, embora a maioria das exportações incidam em serviços e não em bens.
Com Lusa
[Notícia atualizada às 17:58]