Os apoiantes do antigo chefe de Estado, que bloqueiam há 11 dias estradas em todo o país, responsabilizam o Presidente Arce pela crise económica da Bolívia e acusam-no de ter excluído o seu líder das eleições presidenciais de 17 de agosto.

Na quarta-feira, registaram-se violentos confrontos na cidade mineira de Llallagua, na região de Potosi, no sudoeste da Bolívia, onde a polícia se tinha deslocado numa tentativa infrutífera de desbloquear a violência.

O Governo boliviano anunciou inicialmente que três polícias haviam sido mortos a tiro.

Na quinta-feira, o ministro da Justiça, César Siles, disse que o número de mortos havia aumentado para quatro membros das forças de segurança.

O ministro do Interior, Roberto Rios, acrescentou que o número de mortos inclui um manifestante que morreu ao manusear um engenho explosivo não muito longe da cidade de Cochabamba, no centro do país, de acordo com um relatório preliminar.

Um total de 54 pessoas ficaram feridas entre polícias, manifestantes e moradores revoltados, que tentaram desbloquear a estrada em Llallagua na terça-feira, de acordo com o Ministério da Saúde.

"O exército vai entrar em Llallagua, porque o que queremos é garantir um estado de calma e paz", avançou fonte do governo.

Os bloqueios de estradas prosseguem no país desde 02 de junho, embora tenham tendência a diminuir.

De acordo com a Autoridade Nacional das Estradas, registaram-se 19 bloqueios na quinta-feira, 21 na quarta-feira e 29 na terça-feira.

Segundo o governo, estes bloqueios têm como objetivo impedir as eleições presidenciais e forçar a candidatura de Morales, que governou três vezes entre 2006 e 2019 e que a justiça declarou inelegível por ter ultrapassado o número autorizado de reeleições.

Na segunda-feira, o Ministério Público abriu uma investigação contra Evo Morales por "terrorismo", "incitamento à prática de crimes" e "atentado à segurança dos serviços públicos", entre outros delitos, na sequência de uma queixa do governo que o acusa de incentivar os protestos.

O antigo Presidente vive sob a proteção dos seus apoiantes no seu reduto no centro do país, de onde não pode sair desde outubro passado, uma vez que foi emitido um mandado de captura relacionado com um caso de tráfico de menores, que ele nega.

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