"Segundas-feiras sem carne" na Assembleia da República (AR) é o título de uma iniciativa do PAN, que visa alertar para a necessidade de reduzir emissões de gases com efeito de estufa e a adoção de hábitos saudáveis. Dois dias depois de a deputada única apresentar no Parlamento o projeto de resolução – uma recomendação, sem força de lei – que defende a adoção de um dia vegetariano semanal no refeitório, o ministro da Agricultura já se veio insurgir contra a proposta, saindo em defesa da “liberdade de escolha” e da “carne de raças autóctones” e do “pescado nacional”.
“O PAN quer impor refeições exclusivamente vegetarianas uma vez por semana na Assembleia da República. Discordo. Defendo a liberdade de escolha, informada e esclarecida”, escreveu José Manuel Fernandes num post na rede social X (antigo Twitter).
Segundo o governante, cabe, assim, a qualquer cidadão, incluindo os deputados, eleger a sua dieta, com base na sua escolha pessoal e consciente, e o país têm bons produtos nacionais tanto de natureza vegetal como animal.
“E pergunto: defenderão produtos nacionais que contribuem para essa dieta vegetariana — tomate, batata, couve, cenoura, feijão-verde e ervilhas? E também: será que vão propor um dia dedicado exclusivamente a pratos de carne de raças autóctones ou pescado nacional?”, questionou ainda.
Foi na sexta-feira, no âmbito do Dia Mundial do Veganismo, que Inês de Sousa Real. desafiou à AR a aderir às “Segundas-feiras sem Carne”, de forma a contribuir para redução das emissões no sector público e impacto positivo dos hábitos alimentares na saúde, ambiente e bem-estar animal.
“A crise climática representa hoje um dos mais urgentes desafios da sociedade global. A necessidade de reduzir emissões de gases com efeito de estufa e de adotar práticas sustentáveis tornou-se imperativa, com consequências que impactam as gerações atuais e futuras. E estudos indicam que o sector agropecuário é um dos principais contribuintes para a emissão de carbono, poluição e consumo excessivo de recursos naturais como a água e o solo, aumentando consideravelmente a pegada ecológica global”, justifica a deputada do PAN.
O projeto de resolução aponta para os dados recentes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), as emissões globais de gases de efeito de estufa associadas à produção pecuária equivalem a cerca de “12% das emissões totais de origem humana, correspondendo a cerca de 6,2 mil milhões de toneladas de CO₂ equivalente por ano”, pode ler-se ainda na iniciativa.
"Por tal, entende o PAN, que considerando o impacto significativo das escolhas alimentares na emissão de gases com efeito de estufa, a AR deverá instituir, para os deputados e demais funcionários, o projeto "Segundas-feiras Sem Carne", como um exemplo positivo de compromisso com a sustentabilidade e a redução da pegada carbónica", acrescenta Sousa Real, sublinhando que a adoção de um dia totalmente vegetariano na semana visa também promover uma “reflexão mais ampla” sobre os hábitos alimentares e o seu impacto na Saúde.
O partido propõe igualmente a elaboração e apresentação, por parte do Conselho de Ação Climática, de um relatório de monitorização do impacto ambiental, que tenha em consideração os impactos na pegada ecológica das refeições servidas na instituição e da implementação do projeto “Segundas sem Carne”.