O porta-voz do Livre disse esta segunda-feira que ouvir o líder parlamentar do PSD afirmar que o "não é não" ao Chega se mantém dá "vontade de rir a todos os portugueses", frisando que essa era uma "promessa moral".

"O PSD está, neste momento, enfeudado à lógica e às estratégias do Chega. Eu ainda hoje ouvi Hugo Soares dizer que o 'não é não' não acabou, que é algo que dá vontade de rir a todos os portugueses que estão a ver o que se está a passar", afirmou Rui Tavares.

O co-porta-voz do Livre falava à agência Lusa antes de uma reunião aberta com cidadãos para abordar o estado da nação, na sede do Livre, em Lisboa.

O líder do Livre frisou que o "não é não" era uma "promessa de caráter moral" que tinha como objetivo "não deixar infetar a política em Portugal pelo tipo de política de baixo nível que o Chega trazia para Portugal", explicando que os sociais-democratas tinha como função "fazer de dique" às políticas do partido de André Ventura.

"Nisso o PSD não só está a falhar como está a promover a tomada do nosso ambiente político por aquilo que é a atitude do Chega. Desse ponto de vista, como é evidente, na prática existe uma coligação pós-eleitoral assumidíssima, com um sonoro 'habituem-se' por parte de [Hugo] Soares no parlamento, entre Chega e PSD", acrescentou o porta-voz do Livre.

Para Rui Tavares, o Chega e o PSD mantêm uma relação em que são os sociais-democratas são o "parceiro júnior", uma vez que "quem marca a agenda é André Ventura" e não o primeiro-ministro Luís Montenegro.

Hugo Soares lamentou ter ouvido comentadores acusá-lo de ser "o coveiro do não é não"

O líder parlamentar do PSD recusou que tenha caído nas últimas semanas o compromisso do partido de dizer "não é não" ao Chega, defendendo que tal só se aplicava a coligações pré-eleitorais ou acordos formais após as eleições.

Na intervenção de abertura nas jornadas parlamentares do PSD/CDS-PP, em Évora, Hugo Soares lamentou ter ouvido, nos últimos dias, alguns comentadores acusá-lo de ser "o coveiro do não é não", após negociações parlamentares com o Chega, sobretudo nas leis da imigração.