O novo secretário-geral da NATO, Mark Rutte, afirmou esta quinta-feira, numa visita surpresa a Kiev, que quis vir à capital ucraniana para "deixar bem claro" que a Aliança Atlântica está ao lado da Ucrânia no conflito com a Rússia.
Numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, dois dias após tomar posse como secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), sucedendo ao norueguês Jens Stoltenberg, Rutte garantiu que a aliança vai continuar a apoiar a Ucrânia.
Rutte, cuja reunião com Zelensky ocorreu quando as sirenes de alarme de eventuais ataques soaram em duas ocasiões, expressou confiança de que poderá trabalhar com quem quer que seja eleito Presidente dos Estados Unidos, o membro mais poderoso da aliança e um dos principais apoiantes de Kiev em termos de ajuda militar, nas eleições agendadas para o próximo mês de novembro.
"Esse poderá ser um momento chave para o esforço da Ucrânia para garantir o apoio contínuo do Ocidente ", afirmou o novo secretário-geral de nacionalidade neerlandesa, admitindo que as forças ucranianas estão a lutar com algumas dificuldades na frente do conflito.
A questão da dimensão e da sustentabilidade da ajuda ocidental é tanto mais importante quanto a Ucrânia se encontra no seu terceiro ano de guerra, sobretudo tendo em conta o custo deste apoio e o risco de escalada do conflito.
E a posição dos Estados Unidos, o principal doador de Kiev e a força motriz da NATO, deverá mudar radicalmente se o ex-presidente republicano Donald Trump regressar à Casa Branca após as eleições presidenciais de novembro.
"O Governo ucraniano tem de decidir quando chega o momento de discutir a paz", disse Rutte quando tomou posse na terça-feira, apelando a uma "concentração no esforço de guerra".
"Quanto mais ajudarmos a Ucrânia, mais depressa" a guerra "terminará", insistiu.
O Presidente ucraniano saudou a subida de Rutte ao cargo de secretário-geral da NATO, recordando-lhe o objetivo da Ucrânia: aderir à Aliança Atlântica como membro de pleno direito, que Moscovo vê como uma ameaça.
"O lugar da Ucrânia é na NATO", garantiu Rutte na terça-feira, que terá, no entanto, de arbitrar entre as ambições da Ucrânia e as fortes reticências de alguns dos 32 países membros da organização, incluindo os Estados Unidos e a Alemanha.
Zelensky, por seu lado, afirmou ter discutido com Rutte elementos do chamado "Plano de Vitória da Ucrânia", antes de uma reunião da NATO na base aérea de Ramstein, na Alemanha, na próxima semana.
Os dois discutiram também a situação no campo de batalha e as necessidades específicas das unidades militares ucranianas, com Zelensky a reiterar que a Ucrânia precisa de mais armas, incluindo armas de longo alcance.
Rutte reiterou o apoio inabalável da aliança à Ucrânia, afirmando que "a Ucrânia está mais próxima da NATO do que nunca".
Adesão da Ucrânia à NATO
Quando questionado sobre as perspetivas de adesão da Ucrânia à NATO, Rutte afirmou que as recentes medidas tomadas pela organização em conjunto permitiram já "construir uma ponte para a adesão à Aliança Atlântica".
Tal inclui, prosseguiu Rutte, 40 mil milhões de euros em assistência financeira, acordos de segurança bilaterais entre aliados e a formação de um novo comando da NATO para coordenar a assistência e a formação.
Apoiante ativo da Ucrânia
O ex-primeiro-ministro neerlandês tem sido um dos apoiantes mais ativos da Ucrânia na Europa desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, e é rotulado de "russófobo" por Moscovo.
Em particular, liderou os esforços para equipar Kiev com caças F-16, uma decisão descrita como "histórica" por Zelensky durante uma viagem aos Países Baixos.
Foi também durante o mandato de Mark Rutte que os Países Baixos assinaram um acordo de assistência militar à Ucrânia no valor de 2.000 milhões de euros, ao longo de 10 anos.
Rutte já se deslocou várias vezes à Ucrânia enquanto chefe do Governo neerlandês durante a guerra, tendo visitado não só Kiev, mas também Odessa (sul), um porto importante no Mar Negro, e Kharkiv (nordeste).