A informação foi divulgada hoje na rede social Twitter pelo vice-embaixador russo nas Nações Unidas, Dmitri Polyanskiy, que anunciou que o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o argentino Rafael Grossi, deverá participar na reunião por videoconferência.

Por enquanto, a reunião não foi oficialmente adicionada à agenda do Conselho de Segurança, que este mês é presidido pela China.

Em pleno aumento da tensão em torno de Zaporijia, Moscovo e Kiev acusam-se mutuamente de colocar em risco a segurança das instalações, que os militares russos tomaram na fase inicial da invasão à Ucrânia.

O governador da região de Dnipropetrovsk, Valentin Reznitchenkoa, disse hoje através da rede social Telegram que um ataque russo na última noite com vários mísseis Grad teve como alvo a cidade de Marganets, em frente à central de Zaporijia, na outra margem do rio Dnieper, e também a vila de Vychtchetarassivka.

Segundo a mesma fonte, nos ataques russos morreram pelo menos 14 civis.

No último sábado, Grossi mostrou-se muito preocupado com o bombardeamento daquela que é a maior central atómica da Europa e alertou que estão a "brincar com fogo" e que existe o risco de um "desastre nuclear".

Nesta quarta-feira, os ministros das Relações Exteriores do clube das nações industrializadas do G7 exigiram que a Rússia retire as suas forças dessa central e de outras na Ucrânia e que as devolva ao controlo das autoridades em Kiev, de forma a garantir uma operação segura.

"É a permanência do domínio russo sobre a central nuclear que coloca a região em risco", disseram os ministros em comunicado, declarando-se "profundamente preocupados" com a "séria ameaça" que emana da ocupação russa das instalações.

Embora não tenha citado responsáveis, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, descreveu na segunda-feira qualquer ataque a uma central nuclear como "uma missão suicida".

A AIEA passou meses a tentar organizar uma missão de especialistas para avaliar a situação em Zaporijia, algo que não se concretizou até agora devido à falta de acordos necessários com todas as partes envolvidas.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 17 milhões de pessoas de suas casas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de dez milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.

A ONU confirmou que 5.327 civis morreram e 7.257 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 160.º dia, sublinhando que os números reais deverão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.

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