"A sinergia das nossas forças combinadas tem mostrado resultados excelentes" e as equipas do Ruanda "permanecerão totalmente comprometidas em continuar com a jornada em busca de soluções", referiu no final de uma reunião realizada no domingo entre oficiais ruandeses e moçambicanos.

A reunião serviu para rever seis meses de apoio militar no terreno, em Cabo Delgado, prestado pelas tropas e polícia do Ruanda.

O encontro decorreu na sede da Polícia Nacional do Ruanda, em Kigali, capital daquele país, de acordo com um comunicado publicado pelo Ministério da Defesa ruandês.

Kazura sublinhou que as suas tropas "continuarão empenhadas, em parceria com as forças de Moçambique, na busca de uma paz duradoura", sem detalhes sobre modalidades da missão ou sua duração.

No entanto, o comunicado salienta que, além de apoio com tropas no terreno, "a recuperação total da província tem como premissa a retomada das atividades económicas e o regresso dos deslocados para as suas casas", a par de um processo "de reforma do setor de segurança através da formação e desenvolvimento de capacidades das forças de segurança de Moçambique".

Por seu lado, o chefe de Estado-Maior das Forças Armadas de Moçambique, almirante Joaquim Mangrasse, pediu às forças do Ruanda "que continuem a apoiar as forças moçambicanas através do treino, por um lado, e da luta contra os insurgentes onde quer que se encontrem".

Palma e Mocímboa da Praia, zonas mais ocupadas por insurgentes e próximas dos projetos de gás em construção na região, são as principais zonas de atuação das forças ruandesas, nota o comunicado.

"Após a cessação das hostilidades com os insurgentes nas áreas de responsabilidade da Força de Segurança do Ruanda, nomeadamente Palma e Mocímboa da Praia, iniciaram-se operações de estabilização para incluir o regresso de civis para as suas casas, por forma a retomarem as suas vidas", lê-se no documento.

Ambas as partes (Ruanda e Moçambique) decidiram criar "equipas conjuntas para delinear novas estratégias de estabilização e reforma do setor de segurança, um patamar crítico para alcançar a paz sustentável e o progresso na província", conclui o documento.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.

Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar várias zonas, mas o conflito alastrou, entretanto, para a província vizinha do Niassa.

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