
"Os consumidores sentiam medo de trabalhar com o banco, tivemos de dizer aos clientes que podiam confiar, e em 2020 conseguimos o 'break-even' [resultado positivo face aos custos], o que é fantástico num ano muito difícil, não só pela pandemia, mas também porque ainda temos problemas no nosso país que criam mais dificuldades, como a guerra no norte, as inundações e ciclones em 2019 que destruíram muitas infraestruturas, e em três anos recuperámos desta situação", disse João Figueiredo.
Falando numa conferência virtual promovida pela revista African Banker sobre o desenvolvimento do setor financeiro africano, o presidente do Moza disse que "o segredo é 'agarrar' as pessoas", referindo-se aos colaboradores do banco e salientou que o banco não contratou ninguém de fora no processo de reestruturação das operações, depois da intervenção pública feita pelo banco central moçambicano em 2016.
O banco Moza teve um resultado líquido positivo de 146 milhões de meticais (2,1 milhões de euros), contra 776 milhões de meticais (11,3 milhões de euros) negativos em 2019, de acordo com a informação disponível no site do banco, que dá conta ainda de um "crescimento do seu ativo em 14%, crescimento dos recursos em 20%, e um ligeiro crescimento da carteira de crédito em 1%".
Estes resultados, acrescenta-se no texto, surgem "após a profunda reestruturação operacional, saneamento financeiro e reconfiguração da estrutura de capital, resultante da intervenção do Banco Central, ficam agora ainda mais bem ilustrados com o alcance do seu Break Even" no ano passado, em que, em termos de quota de mercado, o banco alcançou os 6,1% em ativos e depósitos e 10,3% em crédito.
Na intervenção no webinar desta manhã, João Figueiredo foi questionado sobre o processo de digitalização que foi acelerado devido à covid-19, tendo afirmado que a pandemia veio acelerar essa transformação que já estava em curso.
"O processo de digitalização está em curso, a pandemia ajudou a acelerá-lo, mas já tinha começado, e o Moza Bank foi o primeiro, em 2017, a abrir o ramo digital, onde os clientes podiam ir e aprender como trabalhar de forma digital com o seu banco", explicou o banqueiro.
A relação com o cliente, concluiu, é o que vai determinar o futuro deste banco moçambicano, já que "a tecnologia e a digitalização serão iguais para todos, por isso o que faz a diferença é a relação com o cliente, saber as necessidades e desenhar as soluções específicas para cada cliente".
MBA // VM
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