"O partido, através da sua representação no parlamento, não vai fazer parte dessa visita de trabalho que, no nosso entender, será para turismo e dar a entender que a Assembleia da República está envolvida na solução do problema", disse o secretário-geral do partido, André Magibire.

Magibire falava durante uma conferência de imprensa na sede do partido, em Maputo, na qual anunciou ainda que a Comissão Permanente da AR rejeitou a submissão ao parlamento do projeto do partido para a criação de uma comissão de inquérito que possa averiguar denúncias de violação de direitos humanos em Cabo Delgado.

"Em substituição e para diluir a iniciativa da bancada da Renamo, a Comissão Permanente decidiu mandatar a primeira comissão para efetuar uma visita de trabalho", considerou o secretário-geral.

Uma equipa da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade do parlamento moçambicano vai visitar, ainda sem data marcada, os pontos afetados pelos ataques armados no norte e centro de Moçambique.

"Não temos dúvidas que mandatar uma comissão para uma visita de trabalho não vai alcançar os objetivos pretendidos", referiu André Magibire.

A província de Cabo Delgado, no norte do país, é desde há três anos palco de ataques armados, alguns reivindicados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, mas cuja origem continua por esclarecer.

A violência provocou uma crise humanitária com mais de mil mortos e cerca de 250.000 deslocados internos.

A região deverá acolher nos próximos anos investimentos da ordem dos 50 mil milhões de dólares (42,6 mil milhões de euros) em gás natural, liderados pelas petrolíferas norte-americana Exxon Mobil e francesa Total (que já tem obras no terreno).

Na zona centro de Moçambique, nas províncias de Manica e Sofala, tem também ocorrido ataques armados, que são atribuídos a um grupo dissidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição.

Os ataques deste grupo têm afetado estradas e povoações de Manica e Sofala, tendo provocado a morte de, pelo menos, 30 pessoas na região desde agosto do último ano.

O grupo, autoproclamado Junta Militar da Renamo e que é liderado por Mariano Nhongo, antigo líder de guerrilha do principal partido de oposição contesta a liderança do partido e o acordo de paz assinado em agosto do último ano.

LYN (EYAC) // JH

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