
"Apesar de o Governo de Moçambique não ter dado qualquer explicação para as mudanças no executivo de Filipe Nyusi, a decisão de remover o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, e vários outros ministros, é vista como uma consolidação de poder dentro do Governo e na Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), nas vésperas da apresentação de Nyusi a um terceiro mandato", escrevem os analistas.
Num comentário à remodelação governamental anunciada esta semana, os analistas do grupo Eurasia dizem que as mudanças mais importantes foram as saídas dos ministros das Finanças e da Energia, "ambos leais a Nyusi e apoiantes de longo prazo do Presidente".
O novo primeiro-ministro, Adriano Maleiane, é descrito como um apoiante de Nyusi "que restaurou a confiança, no seguimento do escândalo das dívidas ocultas, e foi um elemento essencial nas atuais negociações com o Fundo Monetário Internacional para um novo programa, que poderá ser o primeiro desde este escândalo".
Quanto a Max Tonela, "era o principal elemento do desenvolvimento do programa de exploração de gás natural liquefeito e uma figura sénior do partido".
Com exceção destes dois ministros, "a demissão dos outros governantes que representam algumas das fações opositores dentro do Frelimo mostra uma maior consolidação do poder dentro do Governo, que provavelmente levará a que os seus apoiantes sejam colocados em posições de poder".
Segundo a visão do grupo Eurasia, Nyusi tem sido elogiado pelas elites da Frelimo "pela condução do partido durante o julgamento sobre o escândalo das dívidas ocultas com danos mínimos, e esse sucesso tem motivado apelos para que concorra a um terceiro mandato", o que, juntamente com a falta de potenciais candidatos, parece garantir um congresso tranquilo, em setembro, no qual Nyusi deverá ser mandatado para concorrer a um novo mandato presidencial.
O chefe de Estado indicou esta quinta-feira o ex-ministro da Economia e Finanças Adriano Maleiane como novo primeiro-ministro, passando os dossiers das contas do Estado para as mãos de Max Tonela - que por sua vez deixa o Ministério dos Recursos Minerais e Energia para ser liderado por Carlos Zacarias, até agora presidente do Instituto Nacional de Petróleo (INP).
Carlos Mesquita transita da Indústria e Comércio para ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos.
Maleiane, Tonela e Mesquita acompanham Nyusi desde o primeiro mandato (2015-2020).
Tomaram também posse Amílcar Tivane no cargo de vice-ministro da Economia e Finanças, Silvino Moreno como ministro da Indústria e Comércio e Lídia Cardoso como nova ministra do Mar, Águas Interiores e Pescas.
Na quarta-feira, Nyusi exonerou seis dos seus 18 ministros e na quinta-feira de manhã anunciou a exoneração do primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário.
MBA (LFO) // VM
Lusa/Fim