
"Evite essas áreas quando possível e, se for o caso de viagens essenciais, reveja os seus planos de segurança pessoal", lê-se num alerta de segurança divulgado na quinta-feira no portal do Alto Comissário do Reino Unido em Maputo.
Em causa está a situação de insegurança que afeta dois dos principais corredores rodoviários moçambicanos, a Estrada Nacional 1 (EN1), que liga o Norte ao Sul, e a Estrada Nacional 6 (EN6), que liga o porto da cidade da Beira ao Zimbabué e restantes países do interior da África austral.
Desde agosto, pelo menos 21 pessoas morreram em ataques de grupos armados que deambulam pelas matas nas províncias de Manica e Sofala e as autoridades moçambicanas têm responsabilizado os guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, pelas incursões.
Na quarta-feira, o ministro do Interior de Moçambique, Basílio Monteiro, anunciou o reforço de medidas de segurança em Manica e Sofala, que incluem o reforço do policiamento e a escoltas militares em alguns troços, um cenário que remonta ao pico, entre 2014 e 2016, das confrontações militares na crise política entre o Governo moçambicano e a Renamo.
As novas incursões acontecem num reduto da Renamo e onde os guerrilheiros daquele partido se confrontaram com as forças de defesa e segurança moçambicanas e atingiram alvos civis até ao cessar-fogo de dezembro de 2016.
Oficialmente, a Renamo afasta-se dos atuais incidentes e diz estar a cumprir as ações de desarmamento que constam do acordo de paz de 06 de agosto deste ano, mas um grupo dissidente (considerado "desertor" pela Renamo) liderado por Mariano Nhongo permanece entrincheirado na região, reivindicando melhores condições de desmobilização e ameaçando recorrer às armas caso não seja ouvido.
Este é o segundo alerta emitido pelo Reino Unido sobre a insegurança no centro de Moçambique, sendo o primeiro de 04 de dezembro.
Antes do Reino Unido, os Estados Unidos e o Canadá desaconselharam viagens por terra em Moçambique, no caso, na região de Cabo Delgado, afetada por ataques armados junto às principais estradas do Norte da província e onde pelo menos 300 pessoas morreram desde outubro de 2017.
EYAC // JMR
Lusa/Fim