"Nada dignificante para as partes envolvidas. Nada dignificante para os deputados e para o parlamento", afirmou José Ramos-Horta em declarações à Lusa.
"Sinto muita tristeza em observar o que se está a passar no nosso país, o que se passou ontem [segunda-feira] e hoje no parlamento", considerou.
Sem entrar nos argumentos das partes, Ramos-Horta disse que é "muito importante" que não se criem aqui precedentes sobre a forma de destituir ou eleger o presidente do parlamento.
"Muita cautela em não criar precedentes da forma como se elege e se destitui um titular de órgão de soberania", sublinhou.
Ramos-Horta considerou que, num momento como o atual, o Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, pode ter um papel de mediador na situação, para garantir o bom funcionamento das instituições democráticas.
"Sem dúvida, é sempre o papel do Presidente da República de tentar mediar, se tiver para isso autoridade moral, credibilidade para o fazer. Está explícito na constituição o seu papel de zelar pelo bom funcionamento das instituições democráticas e para isso tem várias vias, uma delas é a mediação", considerou.
Ramos-Horta falava à Lusa depois do Parlamento Nacional timorense viver hoje um dia sem precedentes com agressões entre deputados, mesas derrubadas, gritos, empurrões e a intervenção de agentes policiais.
A tensão terminou com a polémica destituição do presidente Arão Noé Amaral, que já considerou o voto ilegal e anunciou um recurso ao Tribunal de Recurso.
A eleição acabou por contar com o apoio dos 36 deputados da Fretilin, do PLP e do KHUNTO, mas também com quatro dos cinco votos dos deputados do Partido Democrático (PD), força que, pelo menos formalmente, está em aliança com o CNRT.
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