O Presidente russo, Vladimir Putin, transmitiu hoje ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, palavras de condenação contra "tentativas de revisão" da História da Segunda Guerra Mundial, que atribui aos países ocidentais.

De acordo com um comunicado do Kremlin (presidência russa), os líderes dos dois países destacaram, numa conversa telefónica, a sua determinação "em manter a verdade sobre os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, para combater as tentativas de rever o seu resultado e falsificar a História".

Durante a chamada telefónica, em vésperas das comemorações, na sexta-feira, dos 80 anos do "Dia da Vitória" em Moscovo, foi também referida "a contribuição decisiva do Exército Vermelho e de todo o povo soviético para a derrota do nazismo" em 1945.

Na conversa com Putin, Netanyahu realçou "o papel importante desempenhado por muitos oficiais e combatentes judeus" nas forças russas, de acordo com um comunicado do gabinete do primeiro-ministro israelita, citado pelas agências internacionais.

Os dois líderes discutiram ainda "vários aspetos da situação no Médio Oriente" e as relações entre os dois países, segundo o comunicado do Kremlin.

Vladimir Putin acusa frequentemente os países ocidentais de revisionismo histórico ao tentar minimizar ou distorcer o papel crucial da União Soviética na vitória sobre a Alemanha nazi.

A vitória de 1945 é o elemento central da narrativa patriótica russa e a memória desta guerra, que fez mais de 20 milhões de mortos na União Soviética e exigiu sacrifícios enormes à sua população, representa um trauma que ainda se faz sentir na sociedade.

Esta narrativa alimenta um patriotismo amplamente explorado pelas autoridades, que comparam a invasão russa da Ucrânia, em curso desde fevereiro de 2022, à luta contra os nazis durante a Segunda Guerra Mundial.

A Rússia planeia celebrar o 80.º aniversário da sua vitória sobre a Alemanha nazi, na sexta-feira, com um grande desfile militar na Praça Vermelha de Moscovo, que contará com a presença de Vladimir Putin e de líderes de cerca de 30 países.