Trata-se de uma iniciativa europeia conjunta para inovar na produção de biofármacos, o projeto PURE, com vista a produzir medicamentos de origem biológica, como anticorpos e partículas virais.

"Durante os próximos quatro anos, esta equipa internacional e multidisciplinar propõe-se redesenhar a forma como os biofármacos são produzidos", indicou a instituição portuguesa, em comunicado.

O trabalho, coordenado por Cecília Roque, investigadora principal do Laboratório de Engenharia Biomolecular da Unidade de Ciências Biomoleculares Aplicadas (UCIBIO) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, envolve um consórcio que conta com a participação da Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida de Viena -- BOKU (Áustria), da Universidade de Bayreuth (Alemanha) e do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica -- iBET (Portugal).

"Somos pioneiros no desenvolvimento de novos materiais e processos para a purificação de biofármacos de forma mais eficiente, sustentável e a baixo custo", referiu Cecília Roque, citada no documento.

De acordo com Cristina Peixoto, do Laboratório de Desenvolvimento de Processos de Purificação do iBET, o processo de purificação dos biofármacos é responsável por cerca de 80% do seu custo total de produção.

Os cientistas consideram que conceitos inovadores na purificação de partículas virais e outros biofármacos são "uma necessidade atual", especialmente perante a pandemia da covid-19.

Para Cecília Roque, "somente uma mudança radical nas tecnologias de purificação pode reduzir o impacto ambiental da indústria biofarmacêutica".

Os novos processos de purificação em causa são mais rápidos e eficientes, tendo potencial para tornar os biofármacos -- tradicionalmente mais caros e apenas disponíveis a populações privilegiadas -- "economicamente acessíveis a populações menos favorecidas".

Os materiais e processos desenvolvidos cumprem os requisitos de uma economia de base biológica (bioeconomia), por serem completamente degradáveis e combinarem a proteção ambiental com melhorias na economia, segundo os dados apresentados.

O projeto foi apresentado no âmbito do concurso FET Open (Future and Emerging Technologies), uma iniciativa desenvolvida ao abrigo do Programa-Quadro Comunitário de Investigação & Inovação Horizonte 2020, que pretende promover a investigação e a tecnologia "além do que é conhecido, aceite ou amplamente reconhecido", e incentivar novas ideias que conduzam à descoberta de novas tecnologias.

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Lusa/fim