
O primeiro túnel do Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL), com uma extensão de cinco quilómetro entre Campolide e Santa Apolónia, ficou esta terça-feira concluído. A infraestrutura, construída a uma profundidade entre 40 e 70 metros, tem como objetivo principal mitigar o risco de cheias na cidade e permitir o reaproveitamento da água da chuva.
A conclusão da obra foi assinalada ao início da tarde numa cerimónia que reuniu o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, a ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho, e a comissária europeia do Ambiente, Resiliência Hídrica e Economia Cultural Competitiva, Jéssica Roswall.
“Hoje é um dia muito feliz para Lisboa. É um dia histórico, porque esta é a maior obra da Europa continental. Não há nenhuma como esta”, afirmou Carlos Moedas, sublinhando que o túnel passa sob a Avenida da Liberdade, o Hospital de Santa Maria e a Avenida Almirante Reis, até terminar em Santa Apolónia.
Segundo o autarca, este projeto “protege os lisboetas das cheias”, mas também se prepara “para os efeitos das alterações climáticas e da escassez de água”. Em causa está um reservatório com capacidade para 17 mil metros cúbicos, onde a água da chuva poderá ser armazenada e reutilizada.
A ministra do Ambiente destacou também a importância da obra na eficiência hídrica da cidade: “É a maior obra na Europa continental e está totalmente alinhada com as prioridades do Ministério Público e do Governo. A água, para nós, implica qualidade, disponibilidade e combate às perdas e ineficiências.”
A comissária Jéssica Roswall corroborou a relevância da iniciativa. “A resiliência em matéria de água é uma das prioridades da Comissão Europeia. Projetos como este são um exemplo. Precisamos de ação, e estou muito impressionada com este trabalho”, afirmou.
Contudo, a conclusão do túnel vai implicar impactos significativos na mobilidade da cidade. A passagem da estrutura é ao lado da estação metropolitana de Santa Apolónia e vai obrigar à realização de obras de reforço estrutural das paredes da estação, que irá resultar no encerramento temporário de sete a oito meses, a partir de setembro, de acordo com o jornal “Público”.
Esta intervenção, considerada imprescindível por razões de segurança, irá interromper a ligação da Linha Azul à estação de caminhos-de-ferro, e estima-se que só retome no final de abril de 2026, no melhor cenário.
Durante este período, os passageiros serão obrigados a efetuar transbordos por autocarro entre o Terreiro do Paço e Santa Apolónia. O plano de transportes alternativos ainda não foi divulgado.
“Vamos ter de avançar com obras para reforçar o interior do túnel do metro, a partir de setembro ou outubro. Deparámo-nos, nesta ponta final da obra aqui em Santa Apolónia, com algo imprevisível. Os solos à volta do túnel do metro não eram tão bons como pensávamos”, explicou José Silva Ferreira, diretor-geral do PGDL.
A descoberta da fragilidade dos solos na zona envolvente da estação levantou dúvidas quanto à estabilidade da estrutura subterrânea do metropolitano. “Constatado este problema, havia duas maneiras de o resolver. Ou segurávamos as terras em volta do túnel, ou o fazíamos por dentro. Como se percebeu que as terras não são boas, vamos ter de segurar a estação por dentro, colocando grandes argolas para reforçar as paredes”, acrescentou ao “Público”.
Texto escrito por Nadja Pereira e editado por Hélder Gomes