
"Trata-se de pessoas recrutadas com falsas promessas de emprego e a polícia achou melhor devolvê-las às suas zonas de origem porque podem também ser alvo desses malfeitores que tem protagonizado ataques em Cabo Delgado", disse Zacarias Nacute, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula.
Segundo a polícia, os homens, com idades entre 18 e 35 anos, foram retidos na última semana quando seguiam para a província de Cabo Delgado, também no norte de Moçambique, alegando ter recebido promessas de emprego para auxiliares de construção civil naquela província.
O grupo não sabia para quem e onde ia trabalhar, o que levantou suspeitas, avançou Zacarias Nacute e, "por precaução, os homens foram devolvidos às suas zonas de origem".
"Já tivemos grupos que foram recrutados pelos malfeitores usando as mesmas artimanhas", alertou o porta-voz, referindo que não é a primeira vez que um grupo de pessoas é retido seguindo para Cabo Delgado.
"Apercebemo-nos que em alguns dos nossos compatriotas estão a ser usados para engrossar grupos de insurgentes em Cabo Delgado e, por isso, começamos um trabalho para desencorajar isso", concluiu.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.
O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.
As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.
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