Os confrontos tiveram lugar em Rawalpindi, a sul da capital, e em Lahore, a leste, inseridos nos protestos que decorreram pacificamente em várias outras localidades do país, relataram os jornalistas da agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).

Os candidatos independentes, a maioria dos quais ligados ao partido de Imran Khan, o Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), obtiveram o maior número de lugares nas eleições, reduzindo as hipóteses de a Liga Muçulmana do Paquistão (PML-N), apoiada pelo exército do antigo primeiro-ministro Nawaz Sharif, obter uma maioria para governar o país.

O partido de Imran Khan não foi autorizado a aparecer nos boletins de voto, tendo os seus candidatos de se apresentar como independentes, mas como os independentes não podem formar governo, é provável que se sigam semanas de incerteza política enquanto os partidos rivais negoceiam possíveis coligações.

Os dirigentes do PTI afirmam que teriam ganho ainda mais lugares se as eleições não tivessem sido falseadas.

O corte dos serviços de telemóvel e Internet pelas autoridades na quinta-feira, dia das eleições, e a lenta contagem dos resultados levantaram suspeitas de tentativas de manipulação do processo eleitoral por parte dos militares para ajudar o PML-N a vencer, acrescenta a AFP.

"Em todo o Paquistão, as eleições foram subtilmente manipuladas", declarou o presidente do PTI, Gohar Ali Khan, no sábado, apelando aos seus apoiantes para que "se manifestem pacificamente" no domingo.

As autoridades tinham avisado que iriam tomar medidas rigorosas contra essas manifestações, ao abrigo de uma lei da era colonial que proíbe ajuntamentos de cinco ou mais pessoas.

"Serão tomadas medidas legais contra as concentrações ilegais", avisou a polícia de Islamabad.

Um aviso semelhante foi emitido em Rawalpindi, onde a polícia disparou gás lacrimogéneo contra dezenas de apoiantes do PTI que se recusaram a retirar os piquetes do exterior de um gabinete de recolha dos resultados eleitorais.

O exército ocupa um lugar central na política paquistanesa, já que o país tem sido governado por generais durante quase metade da sua jovem história, desde a separação da Índia em 1947.

MBA // SF

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