A Polícia Judiciária (PJ), através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, deteve este sábado cinco funcionários públicos dos portos de Setúbal e Sines. Os indivíduos são suspeitos da prática de crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, tráfico de estupefacientes e branqueamento de capitais.

Em comunicado, a PJ informou que as detenções ocorreram fora de flagrante delito e que, no âmbito da mesma operação, foram executados seis mandados de busca domiciliária e apreensão. Os detidos serão presentes ao Ministério Público na próxima segunda-feira.

Os factos sob investigação estão relacionados com a alegada facilitação de organizações criminosas internacionais dedicadas à exportação de elevadas quantidades de cocaína, por via marítima, a partir da América Latina. Segundo a PJ, estas organizações usavam os portos marítimos nacionais como “porta de entrada de estupefacientes, no continente europeu, dissimulados em diversos produtos acondicionados em contentores”.

As detenções e buscas deste sábado representam o culminar da operação "Porthos", que teve início em fevereiro deste ano. Nessa altura, a PJ anunciou a detenção de quatro suspeitos e a constituição de 15 arguidos. Foram também apreendidos mais de meio milhão de euros em numerário, 10 viaturas e cinco armas de fogo, entre outros bens.

Conforme noticiou o Expresso, os suspeitos, funcionários da Autoridade Tributária, teriam sido pagos à percentagem pela cocaína que chegou aos portos de Lisboa, Sines e Setúbal nos últimos anos, ganhando cerca de quatro mil euros por quilo de cocaína. Pelo menos um dos suspeitos desta operação terá colaborado com a rede de Rúben "Xuxas" Oliveira, um dos mais proeminentes traficantes portugueses, que foi condenado em novembro do ano passado a 20 anos de prisão. Este suspeito trabalhava no porto de Setúbal, um dos locais preferidos pelo referido traficante para a introdução de cocaína importada da América do Sul.

No comunicado divulgado este sábado, a PJ esclarece que a investigação criminal em curso, dirigida pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), teve origem na cooperação policial internacional. Contou com a participação de 30 inspetores e seguranças da PJ, e permitiu recolher mais provas.

A PJ assegura que a investigação vai continuar, em conjunto com outras unidades, para descobrir a totalidade dos crimes e identificar todos os envolvidos.