
A localidade espanhola de Torre Pacheco, na região espanhola de Múrcia, registou este sábado a segunda noite consecutiva de confrontos nas ruas, depois de circularem nas redes sociais mensagens racistas que apelavam à perseguição de migrantes. De acordo com o “El País”, que cita a Guarda Civil, os incidentes provocaram cinco feridos e levaram à detenção de um indivíduo por lançar objetos às autoridades.
Mais de 50 agentes foram mobilizados para a zona, especialmente para um bairro onde se concentra uma numerosa comunidade marroquina. Grupos de extrema-direita, provenientes de fora da localidade, reuniram-se no centro da vila com palavras de ordem contra pessoas migrantes. Apesar do forte dispositivo policial, houve perseguições e tentativas de agressão.
A delegada do Governo em Múrcia, Mariola Guevara, adiantou que estão a ser identificados vários suspeitos e que se prevêem novas detenções. “Há indivíduos que incitaram à violência e a crimes de ódio, muitos deles ligados a grupos extremistas que incentivaram a deslocação de agitadores de outras zonas”, afirmou.
Os confrontos ocorreram na sequência de uma agressão a um idoso, na quarta-feira, cuja autoria continua por apurar. O caso motivou uma concentração pacífica promovida pela autarquia, mas acabou por ser instrumentalizado por sectores da extrema-direita para reforçar a narrativa de que há uma ligação entre imigração e insegurança.
O presidente da câmara, Pedro Ángel Roca, do Partido Popular, apelou ao fim da escalada de violência, denunciando a chegada de elementos externos que apenas vieram instigar o conflito. “Não se responde à delinquência com violência”, defendeu. Também o presidente da comunidade autónoma, Fernando López Miras, deixou um apelo à calma: “Percebo o sentimento de frustração, mas é à justiça que devemos confiar a resposta”.
As reações políticas dividiram-se. O líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, exigiu ao Governo um reforço da segurança para travar “a espiral de violência”. Já a porta-voz do Podemos, María Marín, denunciou uma “caça racista” alimentada por grupos neonazis e pela extrema-direita. A ministra da Juventude, Sira Rego, falou em “perseguições racistas” e acusou a direita de incitar à violência.
No sábado, o presidente regional do Vox, José Ángel Antelo, marcou presença num protesto em Torre Pacheco, onde reiterou a associação entre imigração e criminalidade, e defendeu a expulsão de todos os migrantes: “Não vai ficar cá nenhum”, afirmou.