A presidente do partido Juntos pelo Povo (JPP), Lina Pereira, veio a público esta manhã esclarecer o momento delicado que o partido atravessa, sobretudo após o artigo de opinião de Paulo Alves, que expressou descontentamento e mágoa em relação ao processo de candidatura em Santa Cruz. A dirigente explicou os factores internos, as decisões tomadas e reafirmou o compromisso do partido com a unidade e o projecto político que defende. Mas disse mais. Disse que compreende o desalento do colega e que o dossier que levanta muita 'poeira' poderia ter sido manuseado de forma diferente.

Antes reconhece que o processo interno, especialmente em Santa Cruz, demorou mais tempo do que o desejado. “Realmente envolve um processo mais moroso, mais complexo que muitas pessoas não têm conhecimento”, explicou, admitindo que este processo de escolha “poderia ter sido gerido de outra forma. Eu não vou dizer que foi bem nem que foi mal gerido, poderia ter sido diferente e sendo diferente provavelmente teria sido menos penoso o processo para algumas pessoas, nomeadamente para o Paulo, porque o Paulo é uma pessoa extremamente válida, com provas dadas de trabalho quer na autarquia local quer na Assembleia, e isto é algo que aprendemos para o futuro”.

Esta foi a primeira vez em que o JPP enfrentou uma situação de múltiplos candidatos na mesma candidatura, o que é comum em partidos tradicionais, mas uma novidade para a sua estrutura. “Foi a primeira vez que efectivamente tivemos mais do que um candidato”, afirmou, ressaltando que a mudança foi obrigatória por lei, com a candidatura de Filipe, que “traz aqui um peso diferenciado” e simboliza a importância de Santa Cruz para o partido, já que “foi o primeiro município onde actuamos na governação”.

Utilização de sondagem

Lina Pereira explicou que, para garantir maior transparência, o partido decidiu, nesta ocasião, adoptar um método inovador: a realização de uma sondagem. “Por ser a primeira vez, estávamos a passar o processo, por ser Santa Cruz, a importância que tinha, deliberamos e decidimos introduzir aqui um novo método utilizando uma sondagem”, detalhou. Foram realizadas 600 entrevistas, das quais 348 responderam, ou seja, uma forte percentagem de indecisos ou de pessoas que preferiram não responder, o que gerou alguma incerteza na decisão final.

Apesar disso, a votação interna da concelhia colocou Paulo Alves à frente, com quase o dobro de votos sobre Élia Ascensão. Contudo, após a votação, o partido decidiu fazer uma análise mais aprofundada, levando em conta factores como impacto na opinião pública, declarações dos próprios candidatos e mensagens recebidas ao longo do processo. “Houve uma reanálise, considerando diversos factores, e foi essa que levou à decisão final”, afirmou.

Reavaliar a candidatura e o impacto

Segundo Lina Pereira, a reanálise envolveu uma avaliação de diferentes elementos, incluindo o impacto que a candidatura de Élia Ascensão poderia ter na unidade interna do partido. Explicou que “vários momentos da questão política” foram considerados e que a decisão final foi tomada com base no que consideraram ser o melhor para o futuro do partido. “O projecto é sempre o mais importante”, reforçou.

Também abordou a questão de Élia Ascensão ter ameaçado lançar-se como independente: “A reanálise em discutir esse assunto incluiu vários factos: desde o impacto na opinião pública, mensagens recebidas, declarações dos candidatos e a unidade do partido”. Para Lina Pereira, a decisão de reavaliar a candidatura foi uma forma de garantir a estabilidade e a coesão interna, essenciais para a continuidade do projecto político.

Injustiça sentida por Paulo Alves

Lina Pereira lamentou que “há todo um processo de informação que não foi e que não é do conhecimento público”, o que leva à formação de juízos de valor injustos por parte da opinião pública. Para a dirigente máxima do JPP, “quem não se sente, não é filho de boa gente”, e que “Paulo com todas as valências e todas as competências que tem também sente-se injustiçado no processo sendo que eu tenho que aqui que salientar a retidão e a verticalidade do Paulo, porque o Paulo nunca em momento algum expressou publicamente, tirando este momento depois da decisão final em que ele realmente decide expressar alguma mágoa e algum desagrado pela forma e pelo processo em si, ele acaba por ser injuriado e difamado de uma situação em que a única coisa que ele fez foi, num processo democrático, apresentou uma candidatura e foi o mais votado. Foi única exclusivamente isto”. Contudo, Lina Pereira reforçou que o partido está empenhado em superar este momento conturbado e que “com o tempo, as coisas vão se ajustar”.

Unidade e o futuro do Partido

Por fim, Lina Pereira afirmou que “já falou com Paulo Alves e com Élia Ascensão em simultâneo”, reforçando a importância de manter a unidade do partido. “O mais importante é a união do partido e manter a meta de sustentar o projecto JPP”. Apesar das questões pessoais e dos processos internos que ainda requerem “tempo de cura”, acreditando que “com o tempo, nunca deixará de haver colaboração” e que o partido sairá fortalecido deste episódio.

Concluiu, dizendo que “há sempre questões pessoais que não cabem a terceiros gerir”, mas que o esforço da direcção é para que o partido continue firme na sua missão de representar os seus eleitores e consolidar o seu projecto político em todos os concelhos.