O gabinete de Taur Matan Ruak informou, numa publicação no Facebook, que o chefe de Governo deu orientações para a criação do centro integrado ao vice-primeiro-ministro e ministro do Plano e Ordenamento, José Reis.

Taur Matan Ruak nota que o desenvolvimento urbano da capital timorense, onde a população cresceu significativamente na última década, continua sem um plano de ordenamento definitivo.

Timor-Leste tem vivido uma crescente mobilidade de cidadãos de todos os municípios para Díli, respondendo à falta de emprego e de condições fora da capital, o que levou a um crescimento significado na malha urbana.

Várias zonas da cidade têm bairros com condições de vida precárias, construções ilegais, desorganizada e descontroladas, colocando um peso grande nas infraestruturas básicas da cidade, de água e eletricidade.

A construção desordenada tem contribuído para problemas em casos de desastres naturais e acaba por condicionar igualmente projetos de desenvolvimento em vários locais, tornando ainda mais complexas tarefas como o desenho do sistema de água ou de saneamento básico.

"Estamos todos cansados de planeamentos anuais, mas continuamos sem planos quinquenais e a longo prazo", refere Taur Matan Ruak notando que a tarefa "é complexa" e cheia de desafios.

O chefe do Governo nota a falta de integração de vários estudos realizados e as fraquezas do planeamento no que toca ao ordenamento urbano.

"Por isso falei com o vice-primeiro-ministro sobre a necessidade de criar um Centro Integrado de Planeamento Territorial para definir o desenvolvimento de Díli a 50 anos", explica.

"Onde ficam os Ministérios, onde ficam as áreas de negócios, onde fica a habitação? Precisamos de definições claras", explicou.

Vários projetos de ordenamento e desenvolvimento urbano têm sido feitos ao longo dos anos, mas ainda nenhum foi implementado.

Um dos mais detalhados tem cerca de 15 anos e foi desenvolvido pelo Grupo de Estudos de Reconstrução de Timor-Leste (GERTIL), criado pouco tempo depois do referendo com apoio da cooperação portuguesa para pensar grandes linhas orientadoras da política de desenvolvimento do país, incluindo no que toca ao ordenamento.

Os problemas do planeamento urbano em Díli foram destacados no ano passado numa conferência de Joana Lima, doutoranda da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Díli, que tem estado a realizar um estudo sobre o planeamento urbano na capital timorense.

Entre os desafios incluem-se questões como acesso a água e saneamento, falta de espaços públicos e falta de proteção das zonas mais vulneráveis em termos ambientais, disse na altura.

 

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