"Vamos avançar para a criação de uma plataforma de entendimento de modo a poder abrir portas para uma solução que inclua todos os que quiserem ser incluídos", disse Mari Alkatiri, em declarações à Lusa.

"Com a Fretilin e o PLP somos já 31 deputados. E não vou ainda publicar nomes, mas temos garantidos 35 deputados connosco", disse o responsável da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

A plataforma de entendimento vai ser assinada no sábado pelo próprio Mari Alkatiri - cujo partido tem 23 dos 65 assentos do parlamento - e por Taur Matan Ruak, atual primeiro-ministro e presidente do PLP, que controla oito lugares.

"Depois, nos próximos dias vamos endereçar-nos ao Presidente da República a dizer que estamos aqui e somos a solução", referiu.

Alkatiri disse que se trata de uma "plataforma de entendimento" e não de uma coligação ou aliança, que possa garantir a estabilidade governativa até às eleições legislativas de 2023 e permitir estabilidade para lidar com a pandemia da Covid-19 e com o impacto das cheias da passada sexta-feira em Díli.

"Estou cansado de ouvir o nome de alianças, por aqui e por ali. Alianças em que compram os anéis de noivado, mas depois nunca se casam. Por isso preferimos uma plataforma de entendimento", explicou.

Alkatiri acrescentou que a motivação para a iniciativa se deve ao facto de a Fretilin ser "o maior partido" e como resposta a "tanta timidez por parte dos outros, tanta imprecisão, para não dizer ilegalidades, da dita nova coligação".

O secretário-geral da Fretilin referia-se em concreto à nova coligação de maioria parlamentar liderada pelo Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão, (21 lugares) com cinco outros partidos, somando no total 34 dos 65 lugares.

"Com todo esse impasse político que tem que ser rompido, acrescido desta crise da Covid-19, a Fretilin, como sempre, é uma organização que está sempre ao lado do povo e quer resolver os problemas", disse.

Alkatiri disse que a plataforma não quer um novo Governo, pelo menos enquanto o país não ultrapassar a crise da Covid-19 pelo que prefere "a manutenção do VIII Governo, remodelado" e com a entrada de elementos da Fretilin para o executivo.

"Se a opção é manter o VIII Governo é para manter o atual primeiro-ministro", disse, referindo-se a Taur Matan Ruak que apresentou a sua demissão ao Presidente da República a 22 de fevereiro.

O chefe de Estado ainda não anunciou se aceita ou não a demissão pelo que o Governo continua em plenitude de funções.

"A Fretilin naturalmente vai lidera a plataforma de entendimento e membros da Fretilin entrariam para o executivo", afirmou.

Questionado sobre a abertura a outros independentes ou elementos de outros partidos, Alkatiri disse que a plataforma "é para incluir mais e não para excluir", e que "figuras independentes, por mérito próprio, serão considerados".

Ainda assim, defende, o Governo "não deveria ter mais de 32 ou 33 membros".

O documento que vai ser assinado no sábado é uma "declaração de princípios da plataforma de entendimento".

 

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