Falando num 'briefing' sobre a pesca artesanal de organizações da América Latina, África, Europa e Ásia, Papa Cá disse que esta atividade é a "espinha dorsal das economias locais", mas "as comunidades africanas estão sobre pressão da poluição e da sobrepesca das indústrias".

O líder dos pescadores afirmou que estava a falar em nome de 12 milhões de homens e mulheres e que "o seu modo de vida está em risco e com ele a utilização e conservação dos oceanos".

"É tempo de reconhecer a pesca de pequena escala como solução estratégica para a conservação. Sem nós a conservação dos oceanos não será possível", alertou.

Papa Cá disse à Lusa que outro dos problemas que existe na Guiné Bissau é a "falta de meios e falta de formação para manter as pessoas ligadas à pesca, cada vez há menos".

"Estamos a sofrer pressão, há diminuição de peixe por causa da poluição e da apanha por parte das multinacionais estrangeiros", denunciou.

Por isso, veio à Conferência do Oceano a Nice, França, apelar aos governos e parceiros para "que façam da pesca de pequena escala uma estratégia de conservação dos oceanos", dado que estas comunidades são guardiãs do oceano ao preservarem a natureza e os recursos.

"Somos a favor da conservação, mas queremos que nos apoiem para termos um projeto de desenvolvimento. Sem financiamento não conseguimos", apelou.

As questões da pesca artesanal estarão em discussão na quarta-feira na conferência num painel intitulado "promover a gestão sustentável das pescas, incluindo o apoio a

pequenos pescadores".

Segundo o documento que serviu de base a esse painel, a nível mundial, 492 milhões de pessoas, quase metade das quais mulheres,

dependem parcialmente da pesca de pequena escala.

A Conferência do Oceano decorre até sexta-feira junto ao porto de Nice e reúne delegações de mais de 100 países e 40 agências internacionais, bem como a comunidade científica e organizações ambientais.

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