
A perda da identidade turística tradicional da Madeira, consequência da adopção de um modelo de desenvolvimento inspirado nas Canárias, é uma das críticas centrais feitas por Rui Campos Matos, à margem da reedição do seu livro As Origens do Turismo na Madeira. O autor lamenta que, ao privilegiar a construção massificada e o turismo mais concentrado, a ilha tenha deixado perder parte do seu património arquitectónico e cultural ligado às quintas históricas do século XIX.
Para Rui Campos Matos, a escolha deste modelo afastou a Madeira da sua essência turística original, baseada na relação entre as casas e os jardins das quintas, um legado que poderia ter sido preservado em paralelo com um crescimento turístico mais moderno e diversificado. Esta reflexão faz parte da nova edição revista e actualizada do livro, lançada depois do sucesso inesperado da primeira edição, que esgotou desde 2012/2013.
A nova edição apresenta-se num formato mais compacto, pensado para os visitantes que desejam levar consigo um guia prático sobre a arquitectura e a história do turismo na ilha. Inicialmente destinado a arquitectos, o livro acabou por cativar um público mais amplo, interessado nas imagens em preto e branco que mostram uma Madeira desaparecida, registada nos arquivos do Museu Vicente.
Apesar das transformações sofridas, o autor não vê necessidade de actualizar o conteúdo para além desta reedição, pois as principais quintas históricas já tinham sido desfiguradas ou demolidas antes da primeira publicação. Rui Campos Matos destaca a importância de preservar este património e critica a falta de valorização que sente por parte das políticas actuais, apelando a um maior equilíbrio entre turismo e conservação.