
Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas após uma reunião no palacete de S. Bento com o primeiro-ministro, António Costa, que está a receber os partidos com representação parlamentar para debater o Conselho Europeu da próxima semana, em Bruxelas, que vai discutir as candidaturas à adesão à União Europeia da Ucrânia, República da Moldova e Geórgia.
"Hão de reparar que existe uma intenção, mas mesmo aqueles que defendem esse estatuto, relativizam-no, como tem acontecido, incluindo por parte do senhor primeiro-ministro na sua consideração de que 'sim, estatuto associativo, mas em relação à questão da adesão logo se verá'", afirmou Jerónimo de Sousa.
Na terça-feira, por ocasião de uma deslocação a Haia, António Costa insistiu que aquilo de que a Ucrânia mais precisa agora é de respostas imediatas e práticas, e não de questões legais e jurídicas relacionadas com o processo de adesão ao bloco europeu, necessariamente moroso, o que pode criar frustração.
Acompanhado pelo antigo candidato presidencial e membro do Comité Central do PCP, João Ferreira, Jerónimo de Sousa sublinhou apenas que a prioridade para o PCP é "o diálogo".
"Mas de qualquer forma continuamos a considerar que fundamental era o diálogo, era o esforço procurando a paz como solução para o conflito, e digamos, evitar que o nosso povo e outros povos sofram as consequências económicas de uma guerra que exige para além do respeito pelas normas e conteúdos internacionais se procure essa paz, esse diálogo seja estabelecido", vincou.
A Comissão Europeia recomendou hoje ao Conselho que seja concedido à Ucrânia o estatuto de país candidato à adesão à União Europeia (UE), emitindo parecer semelhante para a Moldova, enquanto para a Geórgia entende serem necessários mais passos.
Menos de uma semana após o início da invasão pela Rússia, a 24 de fevereiro, a Ucrânia apresentou formalmente a sua candidatura à adesão, e, no início de abril, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, entregou em mão, em Kiev, ao Presidente Volodymyr Zelensky o questionário que as autoridades ucranianas entretanto preencheram e remeteram a Bruxelas, aguardando agora ansiosamente pelo 'veredicto' europeu.
Na terça-feira, em Haia, o primeiro-ministro defendeu que "muita coisa que pode ser feita sem dividir a UE, e que não seja um estatuto legal [de país candidato], cujos efeitos práticos só serão vistos muito mais tarde", e uma das possibilidades que identificou prende-se precisamente com o Acordo de Associação entre o bloco comunitário e a Ucrânia, que pode ser melhorado para permitir, por exemplo, a liberdade de circulação, assim como levantar as barreiras à circulação de bens ucranianos no mercado interno da UE.
"Em vez de nos dividirmos em torno de questões jurídicas e de questões legais, é melhor reforçar a nossa unidade em respostas concretas para aquilo que os ucranianos e a Ucrânia precisa hoje, e é aí que nos devemos concentrar", defendeu.
ARYL (ACC) // JPS
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