A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, acusou o Governo de optar por um caminho de "imposição" e "propaganda" ao invés do diálogo e considerou que a situação do país "tem vindo a agravar-se" em várias áreas.

"O que vemos por parte do Governo do PSD e do CDS-PP, apesar de utilizar essa palavra diálogo, é exatamente o contrário, é imposição", acusou Paula Santos, em declarações à agência Lusa, no âmbito do debate sobre o estado da nação, agendado para quinta-feira, na Assembleia da República.

Para a dirigente comunista, independentemente de o Governo utilizar a palavra diálogo, trata-se apenas de "uma operação de propaganda grande e uma intenção clara de prosseguir os seus objetivos".

A deputada considerou que a situação do país "tem vindo a agravar-se" em várias áreas, lamentando os salários e pensões baixos, o aumento de preços de bens essenciais, a crise na habitação, a situação na escola pública, - "onde faltam professores ou vagas para o pré-escolar e creches", - ou o "ataque à Segurança Social e aos direitos dos trabalhadores".

Além disto, Paula Santos alertou para a "degradação dos serviços públicos", nomeadamente no Serviço Nacional de Saúde, em particular nas urgências de ginecologia e de obstetrícia que não dão "segurança e confiança a grávidas e às suas famílias".

"Aquilo que vemos por parte deste Governo é um caminho de aprofundamento das desigualdades, das injustiças", criticou, salientando que esta situação contrasta com benefícios para o setor da banca, energia e grande distribuição.

Interrogada sobre se é mais difícil fazer oposição num quadro parlamentar em que a esquerda está reduzida, Paula Santos reconheceu que o quadro político institucional da Assembleia da República "teve uma alteração mais desfavorável na defesa dos interesses de quem trabalha".

Contudo, a comunista salientou que o PCP "é o partido que confronta, de facto, estas opções por parte do Governo", lembrando que foi o único partido a apresentar uma moção de rejeição ao programa do executivo, que acabou chumbada.

Questionada sobre as prioridades do PCP para os trabalhos parlamentares, após a pausa para férias, Paula Santos remeteu para o futuro mais pormenores mas realçou preocupações na área da saúde, da escola pública no início do ano letivo, ou no combate à crise da habitação, além do aumento dos salários e pensões.

Está agendado para a próxima quinta-feira o debate sobre o estado da nação, o primeiro desde que o XXV Governo Constitucional tomou posse, que contará com a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e do restante elenco governativo.