
"Nós não temos dúvidas disso. Aliás, claramente, aquelas que foram as sondagens nos últimos dias e o receio que as pessoas tiveram de que o país pudesse vir a ser liderado à direita, e neste caso por Rui Rio, levou a que muitos votos que seriam naturalmente PAN, neste receio, neste medo, acabaram por seguir outra direção, nomeadamente para o Partido Socialista, como demonstram os resultados do distrito do Porto", afirmou em declarações à Lusa.
Para a deputada e ex-cabeça de lista pelo Círculo do Porto, o PAN saiu "evidentemente prejudicado" por este facto, bem como, acredita, o próprio distrito.
Na noite eleitoral de domingo, no Círculo do Porto, o PAN obteve 1,70 % dos votos, não conseguindo eleger nenhum deputado, resultado que contrasta com o alcançado em 2019, quando o partido elegeu obteve 3,46 % e conseguiu eleger Bebiana Cunha.
Para a deputada, o resultado eleitoral destas legislativas "não é benéfico" não só tendo em conta o que país precisa, mas também perante aquilo que o PAN preconiza seja em matéria climática, social, ou da proteção animal, entre outros.
"Este resultado não dá resposta a causas que são fundamentais que tenham uma voz muito firme na Assembleia da República. A voz do PAN ficou prejudicada pela redução do número de deputados, mas felizmente conseguimos manter uma voz que esperamos que seja farol nestas matérias", disse.
Para a deputada há, contudo, dois aspetos que o PAN não pode ignorar, o primeiro dos quais a maioria absoluta alcançada pelo PS.
"As maiorias absolutas nunca são positivas, não propiciam diálogo, não propiciam negociação e, portanto, não vemos esse resultado como benéfico para o país", afirmou.
Por outro lado, continuou, o partido assistiu com "alguma preocupação" ao crescimento da Iniciativa Liberal que representa "velhas políticas vendidas como novas" e a "falsa promessas de que todas as pessoas vão ser ricas"; e do Chega, partido que "tem uma ideologia que persegue as pessoas mais pobres, as minorias e todos aqueles que são diferentes e que já teve declarações em relação às mulheres que são completamente inaceitáveis".
"Estamos aqui a falar um partido que representa retrocessos civilizacionais gravíssimos e, portanto, vemos também com bastante preocupação aquilo que vai ser o funcionamento e as propostas eu vão entrar na Assembleia da República durante esta legislatura", declarou, comprometendo com a continuidade do trabalho no distrito ainda sem representatividade no parlamento.
O PS alcançou a maioria absoluta nas legislativas de domingo e uma vantagem superior a 13 pontos percentuais sobre o PSD, numa eleição que consagrou o Chega como a terceira força política do parlamento.
Com 41,7% dos votos e 117 deputados no parlamento, quando estão ainda por atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração, António Costa alcança a segunda maioria absoluta da história do Partido Socialista, depois da de José Sócrates em 2005.
O PSD ficou em segundo lugar, com 27,80% dos votos e 71 deputados, a que se somam mais cinco eleitos em coligações na Madeira e nos Açores, enquanto o Chega alcançou o terceiro lugar, com 7,15% e 12 deputados, a Iniciativa Liberal (IL) ficou em quarto, com 5% e oito deputados, e o Bloco de Esquerda em sexto, com 4,46% e cinco deputados.
A CDU com 4,39% elegeu seis deputados, o PAN com 1,53% terá um deputado, e o Livre, com 1,28% também um deputado. O CDS-PP alcançou 1,61% dos votos, mas não elegeu qualquer parlamentar.
A abstenção desceu para os 42,04% depois nas legislativas de 2019 ter alcançado os 51,4%.
VSYM//RBF
Lusa/Fim